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Selton Mello fala sobre a participação dele em Trash: "Foi o meu renascimento"

Filme rodado no Rio de Janeiro tem direção de Stephen Daldry e roteiro do badalado Richards Curtis

Ana Luiza Ponciano, do Rio de Janeiro Publicado em 09/10/2014, às 13h00 - Atualizado em 10/10/2014, às 14h43

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O ator Selton Mello em cena do filme <i>Trash: A Esperança Vem do Lixo</i> - Divulgação
O ator Selton Mello em cena do filme <i>Trash: A Esperança Vem do Lixo</i> - Divulgação

“Eu andava muito descrente com a carreira de ator. E esse filme me resgatou, foi o meu renascimento”, conta Selton Mello na divulgação de Trash: A Esperança Vem do Lixo, que estreia nessa quinta, 9, em circuito comercial. O ator e diretor explica que parte desse resgate veio da magia trazida pelos garotos Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein, os protagonistas do longa, que têm atualmente entre 15 e 16 anos. Mas o que fez toda a diferença tanto para ele quanto para Wagner Moura foi a direção do experiente Stephen Daldry [de Billy Elliot e As Horas].

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Nos últimos tempos, Selton Mello estava focado em trabalhos como diretor, tanto filmes [como O Palhaço] como séries (Sessão de Terapia). A participação como ator em Trash trouxe novidades para a vida profissional dele. “É um personagem muito inusitado na minha carreira, meu papel é do vilão e pouca gente me chama para fazer vilão”, explica. “Além disso, eu não gosto de fazer filme de ação. Normalmente, eu fico com preguiça de correr e dar tiros”, brinca. “Mas o que mais me chamou atenção nesse processo foi a trama psicológica e o Daldry, é claro”.

O filme é uma adaptação de um livro do inglês Andy Mulligan e conta a história de três garotos que trabalham em um lixão e entram de gaiato em um escândalo político quando encontram uma carteira. Selton Mello faz o papel de um investigador da polícia e Wagner Moura interpreta o dono da misteriosa carteira, que traz segredos que podem derrubar o prefeito do Rio de Janeiro. Trash: A Esperança Vem do Lixo tem também José Dumont, Martin Sheen e Rooney Mara no elenco, além de pequenas e inusitadas participações especiais de nomes como Nelson Xavier, Jesuíta Barbosa e Júlio Andrade.

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O maior esforço do diretor, que veio ao Brasil ao lado do roteirista Richard Curtis [de Um Lugar Chamado Notting Hill e Simplesmente Amor], e dos produtores, foi transformar um filme feito por estrangeiros em um produto abrasileirado. Para isso, o roteiro foi tratado a quatro mãos pelo veterano Richard Curtis e pelo roteirista carioca Felipe Braga (de Latitudes). Daldry conta que a participação do elenco também foi fundamental para esse processo. “Eles foram muito generosos e tenho certeza de que escolhi os melhores. Trabalhar em outra língua e em outro país foi um desafio, mas também uma das maiores alegrias da minha carreira”, explica Daldry. O diretor contou também com o apoio da produtora O2 e de Fernando Meirelles, o que foi muito importante para o processo de ambientação com o país e no processo de treinamento dos meninos que não são atores profissionais.

O trabalho de Wagner Moura ao lado de Selton Mello também foi essencial. “Nós nos conhecemos de muitos carnavais, fizemos um longa juntos em que não contracenamos em nenhum momento [Nina, 2004] e agora, em Trash, nos encontramos em apenas uma cena”. A atuação conjunta, na verdade, não estava prevista, mas o diretor decidiu de última hora a incluir no roteiro. “Foi uma cena bem complicada, mas valeu o esforço. Daldry sabe o que está fazendo. Ele está acostumado a trabalhar com os atores em um nível mais profundo”, argumenta Moura.

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“Acho bacana ter um diretor como ele olhando o Brasil dessa forma. É diferente da maneira com que estamos acostumado a filmar aqui”, explica Wagner Moura. “É um olhar estrangeiro de um diretor que tem a sensibilidade única e uma vontade única de fazer um filme brasileiro”, completa Mello. Daldry veio ao Brasil antes das gravações para conhecer o país. Durante a passagem dele, participou das manifestações que tomaram conta das ruas em 2013 e conheceu a casa dos jovens Tevez, Luis e Weinstein, para entender como é o cotidianos deles. Para Mello, o norte-americano demanda bastante dos atores, “mas sempre de forma generosa e com a nossa participação”.

Sobre a parceria entre ele e Wagner Moura, Mello conta que sempre teve um grande desejo de trabalhar com o colega. “Isso vai acontecer mais vezes, cedo ou tarde”, diz. Por enquanto, Wagner está envolvido com a filmagem de Narcos, série da Netflix, e Selton Mello está cuidado do próximo longa dele, que ganhou o título de Filme da Minha Vida e é baseado no livro Um Pai de Cinema, de Antonio Skarmeta.