Musical adolescente original Netflix chegou ao catálogo nesta sexta, 26, e repete fórmula de sucesso dos 'anos de ouro' da Disney
Clima de acampamento e cristandade: é com estes dois cenários que A Semana da Minha Vida, novo musical adolescente da Netflix, se desenvolve. Um combo de clichês e um roteiro bastante fraco são mesclados com boas músicas, por isso, o filme fica completamente dependente das performances e canções.
Para quem conhece, a nova produção Netflix soa como uma versão cristã do icônico Camp Rock (2008), filme protagonizado por Demi Lovato e Joe Jonas, com direito às clássicas cabanas em meio à natureza, clima leve, romance adolescente, mas com músicas voltadas ao gospel e conectadas com Deus de alguma maneira.
Nitidamente, A Semana da Minha Vida revive a fórmula de sucesso dos ‘anos de ouro’ da Disney Channel: adolescentes, jovens cantores, música e temáticas infanto-juvenil. Alguns exemplos clássicos são High School Musical, o próprio Camp Rock, Lemonade Mouth, Hannah Montana, e outros.
A Semana da Minha Vida acompanha um núcleo de jovens da Igreja Cristã estadunidense em um acampamento com brincadeiras, divisão e disputa de times - e acrescente um Show de Talentos ao final, o que reflete diretamente à fórmula usada pela Disney em High School Musical e Camp Rock.
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Na produção, Will Hawkins (Kevin Quinn) é o garoto talentoso, porém desajustado, que sofre com a perda dos pais e não consegue se adaptar em nada, porque não tem mais interesse nas questões da vida como amizades, escola, etc. Qualquer semelhança com a postura de Shane Gray (Joe Jonas) em Camp Rocké 'mera coincidência'.
Sem muito segredo, logo de cara no filme, Will Hawkins conhece a encantadora e ‘perfeitinha’ Avery (Bailee Madison), que compartilha dores com o protagonista, e será a responsável por despertar em Will o desejo em ser um 'garoto melhor'. Mais uma vez, há uma notável semelhança com a história de Mitchie (Demi Lovato) e Shane em Camp Rock.
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Dessa vez, porém, há a presença do cristianismo, que embora não seja frequente nas falas, está em todas as canções. A partir das faixas, o filme reforça a fé cristã, relação dos adolescentes com Deus e importância do perdão. Apesar da religião, o roteiro não fica preso apenas a esta temática.
O núcleo de personagens é muito pequeno, e mesmo assim, consegue ser mal desenvolvido. Nenhuma história é aprofundada, os eventos acontecem sem uma conexão relevante ou uma evolução interessante, e algumas cenas parecem jogadas.
Além de Avery e Will, conhecemos os adolescentes George, Presley e Sean, e os adultos Kristin e David. Os cinco personagens são responsáveis por trazerem mais encanto e agitação à história, e apenas George e Kristin conseguem fazer isso de modo interessante. Assim como os outros desta lista, porém, recebem pouquíssima atenção.
Com um roteiro fraquíssimo de conteúdo, as falas dos protagonistas parecem sair de uma fanfic adolescente - ficções criada por fãs, fundamentadas em história ou personagens de um determinado trabalho já existente. Ao longo do filme, nada consegue ser surpreendente e todas as conversas e narrativas são completamente esperadas.
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Apesar de os cenários serem ótimos e até nostálgico para quem teve a oportunidade de participar de um acampamento, não são o suficiente para tornar as cenas charmosas ou mais chamativas.
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As canções - ou louvores cristãos em alguns casos - são, de fato, o ponto alto do filme, com destaque para os ótimos vocais dos protagonistas vividos por Bailee Madison, Kevin Quinn e Jahbril Cook (George). Para o último, vale ressaltar a incrível interpretação das músicas, com carisma, leveza e sensibilidade.
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Todo o elenco faz uma versão arrepiante de “Awesome God”, clássico louvor estadunidense escrito por Rich Mullins e popularizado por Hillsong United e pelo cantor Michael W. Smtih. No filme, líricas cantadas por Bailee Madison e Kevin Quinn são acrescidas na canção - e a cena consegue ser bastante emocionante, mas possivelmente apenas para aqueles com uma certa relação com o cristianismo.
Mesmo com as questões negativas acerca do fraco roteiro, o filme apresenta boas lições sobre perdão, autoconhecimento, importância de família e amigos, e rápidas reflexões sobre amadurecimento, costumeiras em produções adolescentes. Contudo, todas as pautas sem muito aprofundamento ou complexidade.
Não há segredos de que este é um filme absolutamente organizado, transparente e adequado para crianças, pré-adolescentes ou para os que estão acostumados com uma dose excessiva de clichês. Para quem ama as fórmulas Disney, a produção também pode ser interessante.
Portanto, A Semana da Minha Vida pode ser definido como um combo mal-organizado e repetitivo. É uma mistura de clichês e cenas jogadas, que aparentemente foram escolhidas para servirem de alívio cômico para crianças. As músicas são legais e as danças divertidas, mas certamente não é o tipo de filme que você assiste muitas vezes.
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Vale lembrar, porém, que alguns cristãos podem se identificar com cenários, protagonistas, e com a narrativa. Possivelmente, isso deve ocorrer por estes espectadores, junto de crianças, serem o principal público-alvo da produção musical, dirigida por Roman White e com roteiro de Kali Bailey, Alan Powell e Gabe Vasquez.
A Semana da Minha Vida, aparentemente, é uma aposta da Netflix em se aproximar do público cristão estadunidense e aumentar o catálogo em produções relacionadas ao cristianismo. O novo musical adolescente, lançado nesta sexta, 26, já está disponível no streaming.
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