No Brasil desde o início do ano, empresa faz o lançamento oficial nesta quinta, 25, e busca se estabelecer nos mercados emergentes
O Deezer, um serviço de música por assinatura, uma espécie de Netflix com discos e faixas ao invés de filmes, é adepto do modelo de negócios “faça e depois pense”, como brincou o diretor geral da empresa na América Latina Mathieu Le Roux (à esq., na foto). O Brasil, contudo, mostrou-se bastante eficiente e, logo nas duas primeiras semanas, tornou-se o país com o maior número de adesões na semana de lançamento.
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A empresa não divulga os números locais, apenas a quantidade global: são 26 milhões de usuários, sendo que 3 milhões deles são assinantes dos planos pagos (R$ 14,90 mensais, que dão a possibilidade de ouvir as músicas mesmo sem conexão com a internet).
Justamente por ver no Brasil um grande potencial e uma força emergente no mercado de música digital, a empresa se encontrou com alguns jornalistas locais em um hotel na tarde desta quinta-feira, 26, na zona sul de São Paulo, para anunciar uma nova tecnologia que visa manter a música online tocando, mesmo com uma rede de internet para os celulares se torne “inconstante”, como disse Mathieu.
Chamada “smart caching”, ela usa uma linguagem em algorítmicos para decifrar o gosto do próprio usuário e armazenar as músicas que ele mais ouve e outras similares, para que o som não seja interrompido caso a rede passe por instabilidades – algo bastante comum no território brasileiro. “A tecnologia só ocupa uma quantidade de espaço que você dispuser”, explicou Mathieu.
É uma saída encontrada pela empresa para encarar esses mercados emergentes, cuja internet 3G ainda é deficiente. A Deezer é uma das gigantes do ascendente mercado de música em streaming no mundo, ao lado do Spotify e do Rdio – deles, apenas o segundo já está disponível no Brasil, enquanto o primeiro, de origem sueca, chegará ainda neste ano (leia mais aqui).
Indústria fonográfica digital está em ascensão e é puxada pela onda do streaming, que é encarado como uma reeducação dos consumidores, que, depois dos anos 2000 e a chegada do extinto Napster, passaram a ver a música como um item gratuito. “Isso não acontece tanto com filmes, por exemplo. As pessoas sabem que podem conseguir os filmes de graça, mas ainda dão valor ao produto. Com a música, não”, diz Axel Dauchez (à dir., na foto), CEO da empresa, que veio ao país para o lançamento oficial. “Reeducar é a chave”, diz ele.
No mundo, cerca de 20 milhões de pessoas são assinantes que pagam dos serviços de streaming. Em números, em 2012, o mercado digital movimentou US$ 5,6 bilhões, 33% dos 16,5 bilhões que representam o total movimentado pela indústria fonográfica. O ano passado, aliás, foi o primeiro em que a música cresceu: de US$ 16,3 mi para US$ 16,5 mi.
O projeto da Deezer para chegar ao Brasil começou há três anos. “O Brasil é do tamanho de um continente”, diz Dauchez. “É um mercado difícil, mas já é o nosso segundo maior mercado, apenas atrás da França, que é de onde viemos.” A estratégia é fazer exatamente o oposto das outras empresas, que primeiro se estabeleceram nos grandes centros tradicionais, como nos Estados Unidos e Europa, para depois partirem para outros mercados. A Deezer, por exemplo, é o serviço de streaming que tem o maior escopo de países de atuação: são 180 países no total. Os Estados Unidos, contudo, não estão entre eles. “Vamos entrar lá, mas não agora”.