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She & Him lança Volume 3: “É disco mais poderoso que já fizemos”, diz M. Ward

O novo álbum, lançado recentemente no Brasil, mostra o amadurecimento musical da também atriz Zooey Deschanel

Pedro Antunes Publicado em 14/05/2013, às 08h15 - Atualizado às 08h38

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She & Him - Divulgação
She & Him - Divulgação

A linha desenhada para separar amor e ódio é apagada com graciosos versos na voz de Zooey Deschanel, enquanto o instrumental desliza entre passado e presente, comandado por M. Ward. Juntos, com a banda She & Him, eles embaralharam tudo e colocaram para fora com o novo disco Volume 3, lançado recentemente no Brasil pelo selo LAB 344. “É o disco mais poderoso que já fizemos”, diz o produtor e músico, em entrevista à Rolling Stone Brasil.

O She & Him é um projeto todo torto que deu certo. Nenhum dos dois integrantes do duo leva a banda como prioridade. Zooey é, em primeiro lugar, atriz e atualmente protagoniza a série New Girl, com a qual já recebeu duas indicações ao Globo de Ouro; enquanto isso, M. Ward mantém uma bem-servida carreira – são oito álbuns solo, além de outras participações e grupos paralelos. “She & Him é sobre os vocais de Zooey”, diz M. Ward. “Enquanto isso, os meus discos são sobre as minhas coisas.”

Com Volume 3, são quatro discos do She & Him na praça. O anterior quebrou a tradição de batismo dos discos, que vinha sendo mantida com Volume One (2008) e Volume Two (2010). Chamado A Very She & Him Christmas, como o título já diz, o álbum era dedicado à canções natalinas – dos outros. Deste exercício de se fazer covers, que já havia sido testado nos outros trabalhos, mas foi intensificado no disco festivo, vieram justamente três pérolas de Volume 3.

Três covers, de origens diferentes, ganham nova alma com Zooey e M. Ward. “Baby” (de Ellie Greenwich), “Hold Me, Thrill Me, Kiss Me” (Harry Noble) e “Sunday Girl” (Blondie) foram despidas dos formatos prévios e, desnudas, ganharam uma roupagem com o charme de Zooey. As canções se encaixam na música anti-contemporânea do She & Him como as outras músicas escritas pela cantora (e atriz) do duo. “Amamos fazer covers”, confessa M. Ward. “Mas não há diversão se a música ficar igual à original, não é verdade?”. Para este disco, o músico conta que várias canções foram testadas, mas apenas estas três passaram pelo filtro criado por eles mesmos. “Elas ganharam identidade própria”, diz ele, sem modéstia.

M. Ward, cujo verdadeiro nome é Matthew Stephen Ward, foi o grande responsável por fazer com que Zooey aceitasse colocar para fora canções tão íntimas criadas por ela desde a adolescência. “É o ambiente do estúdio”, explica ele, que conheceu a parceira de banda há seis anos. Era 2007 e Zooey protagonizava o filme The Go-Getter. Quem apresentou os dois foi Martin Hynes, que tinha a intenção de colocar a atriz para cantar uma canção enquanto subiam os créditos. “When I Get to the Border”, de Richard e Linda Thompson, foi a escolhida. Depois disso, a parceria foi tomando forma.

M. Ward percebe como a companheira de banda se transformou. “Zooey está muito mais confiante. No palco e no estúdio”, diz ele, ao comparar a versão de 26 anos com a atual, de 33 anos.

O próprio conceito de banda não se encaixa aos padrões deles. “O She & Him não é algo que fazemos o tempo todo. É um projeto para gravarmos discos. Gravamos e vemos o que dá para fazer”, diz a metade masculina da dupla. “É um projeto que amamos fazer, mas saímos em turnê quando dá. Não vamos ficar na estrada por dois anos seguidos.” Planos de vinda para o Brasil, diz ele, ainda são planos. “Queremos muito ir até a América do Sul. Espero que seja em breve.”

O trabalho no novo disco funcionou da mesma forma que os anteriores. Zooey entregou para M. Ward cerca de duas dezenas de músicas embrionárias. Ele ouviu todas e selecionou aquelas que poderiam se transformar em faixas do álbum. A dupla, então, se reuniu em Los Angeles, com mais um baixista e um baterista, e começaram a trabalhar nelas. Depois de alguma experimentação, entram em cena os pianos, violinos e corais.

No total, são 14 canções curtinhas – apenas duas delas, “Turn to White” e “Together”, têm mais de quatro minutos de duração. Pílulas de pequenas viagens por tempo e espaço, em que a sonoridade dos anos 60 se encontra com letras românticas, em sua maioria, e arranjos tão cristalinos quanto os olhos da vocalista.

São dela que saem as letras que depois são envolvidas por esse pop retrô fofo. Nem todas, contudo, são exatamente aquilo que se espera de uma canção de amor. Zooey foge do amor convencional e infantilóide. “Never Wanted Your Love”, primeiro single do disco, mostra que o eixo gravitacional ainda é a paixão, mas que escapa dos padrões ao misturar-se ao ódio: “I never wanted your love / But I needed it all”, canta Zooey no refrão, algo como “eu nunca quis o seu amor, mas eu preciso de tudo”, em português.

“Sempre achamos que esta música deveria ser a primeira a ser ouvida”, conta M. Ward. O single, contudo, foi escrito há oito anos e foi selecionado para integrar o disco Volume Two, mas eles não conseguiram encontrar a sonoridade ideal para ele e postergaram o lançamento para o novo álbum.

Escondidos em “Never Wanted Your Love”, outros dois versos passam quase despercebidos: “All I know is that I'm tired of being clever / Everybody's clever these days” (“Tudo o que eu sei é que estou cansada de ser esperta / Todo mundo é esperto atualmente”, em tradução livre). Ela fala de oito anos atrás, quando a música foi feita, ou atualmente, em 2013? Ou seria sobre ambos? M. Ward ri e prefere manter o mistério, como todo o resto no She & Him - passado e presente, amor e ódio: “Zooey é boa em escrever essas coisas”.