Em Rocking the Wall, Erik Kirschbaum afirma que apresentação do The Boss em 1988 funcionou como catalizador para o fim da Guerra Fria
Ronald Reagan disse para Mikhail Gorbachev “derrubar esse muro”, mas Bruce Springsteen pode ter ajudado a balançar o martelo que fez a parede ir abaixo. No livro Rocking the Wall (ainda sem versão em português), o jornalista Erik Kirschbaum afirma que a apresentação do The Boss na Berlim Oriental, em julho de 1988, funcionou como um catalizador para a derrubada do Muro de Berlim. As informações são da agência Reuters.
A parede que separava a Alemanha Oriental da Ocidental estava erguida por quase 27 anos quando Bruce tocou para aqueles mais de 300 mil fãs – além dos milhões que assistiam pela TV. Talvez o mais famoso e monumental momento da apresentação foi o breve discurso feito por ele em alemão, que, segundo o jornalista, teve um poderoso efeito nos cidadãos da Alemanha Oriental, inspirando-os a buscar a liberdade.
“É ótimo estar na Berlim Oriental”, disse Bruce no palco. “Eu não sou a favor ou contra nenhum governo. Eu estou aqui para tocar rock and roll para vocês e espero que, um dia, essas barreiras sejam derrubadas.”
Bruce Springsteen e a E Street Band, então, tocaram “Chimes of Freedom”, uma cover da canção de Bob Dylan. Em menos de um ano, os cidadãos foram às ruas para protestar contra o governo opressor entoando “Wir sind das Volk” (“nós somos o povo”, em tradução literal de alemão para português). E, 16 meses depois do concerto, o muro foi abaixo e a Guerra Fria chegou ao fim.
Para mostrar a história do show, Kirscbaum vai a fundo na história da Guerra Fria e buscou documentos com os organizadores da apresentação e até arquivos mantidos pela Stasi, polícia secreta da Alemanha Oriental.
Embora o jornalista não tenha sido capaz de falar com Bruce para o livro, ele entrevistou o empresário do The Boss por muitos anos, Jon Landau – que foi quem providenciou anedotas de bastidores – e pessoas que estiveram presentes no show.
“Foi o último suspiro da Alemanha Oriental”, disse Joerg Beneke, que esteve presente no show, a Kirschbaum. “Nós nunca havíamos ouvido nada parecido com aquilo na Alemanha Oriental. Aquele foi o momento que alguns de nós esperaram a vida toda para ouvir.”
Obviamente, é difícil dar crédito absoluto a Bruce pela derrubada do Muro, mas Kirschbaum defende a própria tese: “Não resta dúvidas que o concerto dele em 1988 foi um glorioso exemplo da influência que o rock and roll pode ter para pessoas que estão ávidas e prontas para mudança”.