Mais conhecido nas telas, o músico celebrou a música norte-americana em show de 2h30
“Bem, eu costumava ser um ator...”. Essa foi uma das primeiras falas de Hugh Laurie no show que começou às 22h10, no Citibank Hall, em São Paulo. Talvez a intenção fosse de alertar para a plateia que ali eles não veriam um senhor ranzinza, que manca, usa bengala e diz que todos mentem (características de seu famoso personagem, o protagonista da série House). Estava ali o músico e, acima disso, o pesquisador musical Hugh Laurie, que reúne nos palcos o que conhece sobre jazz, blues e R&B.
Na verdade, o show já começa antes, com o palco sempre iluminado, desde a abertura dos portões, evidenciando um cenário repleto de abajures e um lustre. Parte da plateia entrava e já ia até a boca do palco para tirar fotos.
O primeiro som que veio dele foi uma dobradinha de “What a Man” (famosa na voz da Linda Lyndell) e “IkoIko”, música tradicional do Carnaval de Nova Orleans. Logo no começo do show, Hugh Laurie mostrou suas influências mais diretas: o jazz – mais precisamente de Memphis, com a Stax, gravadora de Linda) e as músicas tradicionais norte-americanas, especialmente da região de Nova Orleans.
Laurie falou muito com a plateia e pediu para que quem estivesse entendendo seu inglês traduzisse para quem estivesse do lado. A cada música, Laurie tinha uma piada ou um comentário. Isso, ao contrário do que se possa imaginar, não quebrou o ritmo do show. Até porque o nível de tietagem estava alto: gritos, especialmente femininos, deram o tom dessas pausas, com direito a uma tentativa de invasão do palco.
A banda que foi criada para acompanhar Laurie é irrepreensível. A Copper Bottom Band tem sete músicos e muda sua formação conforme a demanda: vira um trio vocal em “Lazy River” (de HoagyCarmichael), um grupo de tango em “El Choclo” ou um grupo de samba em “Mas Que Nada”, que encerrou o show numa versão idêntica à de Sergio Mendes – com direito às vocalistas mandando aquele português carregado de sotaque.
Hugh Laurie estava no controle mesmo quando estava ao piano, no canto direito do palco. Além de cantar e tocar piano, ele toca guitarra e arriscou uns passos de dança – bem desengonçados, diga-se de passagem. Foi poucas vezes ao centro do palco e deixaou sua banda brilhar, com destaque para as vocalistas Gaby Moreno (da Guatemala) e Jean McClain, que, em diversos momentos, pareciam as donas do show.