Cantora se apresenta em São Paulo nesta terça, 22, em festa fechada
Aos 18 anos, a cantora Sky Ferreira tem todas as características de um nome de peso da família pop: compôs para Britney, inspirou uma guerra épica em uma grande gravadora, fez aparições em remixes do Virgins e do Justice, e, claro, ajudou a inaugurar uma nova era de idolatria do CK One com suas campanhas publicitárias vagamente escandalosas e sensuais. A jovem se apresenta no Brasil nesta terça, 22, festa fechada em São Paulo.
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Ser capaz de fazer um beicinho tão teatral quanto o de Kate Moss tem sido um excelente caminho escolhido por Ferreira para seduzir novos públicos, mas ela diz que na verdade está aqui para sacudir a música pop. Em março, Ferreira lançou As If, elogiado EP que oferece singles eletropop como “One” e “Sex Rules”. A Rolling Stone EUA conversou com ela e descobriu que sua jornada criativa e pessoal está destinada a ser franca.
Para muitos, você tanto é a garota do CK One quanto cantora. Como esse relacionamento começou?
Basicamente eu recebi um telefonema do agente Steven Meisel. Eles tiraram fotos, pediram para que eu cantasse. Eu cantei “Parabéns a você”. Saí de lá duvidando que daria em alguma coisa. Então, recebi um retorno deles, duas semanas depois. Depois conheci o Calvin Klein e quando vi estava filmando o comercial: “pegue essa caixa, dance, tire a blusa, beije!” Eles fizeram com que eu dublasse minha música, “Sex Rules", para o comercial, então isso me deu uma boa exposição como cantora. Daquela experiência, desenvolvi um contínuo relacionamento com a marca. Fez com que públicos diferentes, da moda e da música, ficassem conhecendo meu trabalho
Agora há uma nova campanha para CK Shock. É um pouco... chocante?
É a nova fragrância para homens e mulheres. O slogan é: “Para quando você não quer dividir” [risos]. Sim, estes novos comerciais são um pouco mais fortes e provocativos. Há um monte de projeções – é bastante Enter the Void
Você tem um visual bem específico para uma jovem artista. Tem alguma inspiração fora do comum?
Kelly Bundy sempre foi uma inspiração para mim. Ela tinha jaquetas incríveis e um cabelo incrível também! Ela fez com que fosse, para mim, mais fácil ter um cabelão [risos]. Eu também amo os estilos da Debbie Harry e do Michael Jackson... E também do Bender, do Clube dos Cinco. Eu uso muito as roupas do meu namorado, prefiro roupa masculina.
Considerando que você começou uma carreira como adolescente, acredito que devesse ser bem musical quando era criança.
Sim. Bom, eu era muito tímida e ninguém falava comigo na escola. Eu costumava carregar um pequeno gravador comigo para cantar. Ia para o banheiro e gravava músicas. Percebi depois que todo mundo achava que eu estava falando sozinha! Não quero parecer desajustada, mas eu comecei a me questionar: “Por que ninguém gosta de mim?” Então percebi que as pessoas pensavam que eu era louca. Comecei a matar aula, ir na Amoeba Records, via o Kim Fowley por todos os lados – me tornei obcecada pelas Runaways, antes do filme ser lançado. Assisti a um show do Daft Punk no segundo colegial e aquilo mudou minha vida. Passei a me envolver com música seriamente, comecei a mandar demos minhas. E foi o momento em que comecei a sair para balada – era a única forma de entrar em contato com a dance music.
Você lançou um EP bastante elogiado, assim com os próprios singles. Como está sendo a elaboração de seu primeiro álbum?
Estou passando por um momento de reinvenção, onde estou tentando descobrir aonde quero ir, qual será o próximo passo. Não tenho mais 16 anos, sabe? Não sei se quero continuar sendo relacionada à veia pop dance como tem acontecido até agora. O que as pessoas provavelmente não sabem ainda é que tenho uma boa voz. Eu posso cantar de verdade e gostaria de usar isso em meu benefício. Os vocais de todo mundo são tão cheios de efeito. Então, mostrar o que há de único na minha voz e nas minhas composições é a minha prioridade. Tenho muito mais o que falar agora.
Qual tipo de sonoridade está pretendendo nesse disco?
Estou trabalhando com o Paul Epworth. Eu quero muito trabalhar com o Damon Albarn! Esta é a direção que estou interessada em explorar – um pop mais maduro. Algo que conte com vocal e guitarra de um novo jeito. Sou muito fã do Blur e sempre amei o pop britânico – o britpop, não o superpop do Girls Aloud e Sugababes. O problema é que estou em todos os lugares. Amo Britney Spears, mas também amo Roy Orbison, amo Kurt Vile. Quero encontrar um jeito de misturar tudo. Acho que é algo bom, mas as pessoas são sempre tão resistentes às mudanças. E porque sou nova, claro, não posso nem reclamar disso.
O que você aprecia quando se trata de fazer música numa era como esta?
A internet. O fato de você poder colocar suas músicas lá sem ninguém falar como você deve fazer. E dá para descobrir qualquer tipo de música do seu interesse, sem limites. As paradas musicais, no momento, estão sendo totalmente dominadas pelas mulheres, o que é bom ver.