Soulja Boy nega denúncia de agressão sexual durante julgamento
Autor do hit “Crank That (Soulja Boy)” é acusado de agredir e abusar ex-companheira e assistente pessoal; outras ex-namoradas também fizeram denúncias
Por Nancy Dillon, da Rolling Stone
Publicado em 02/04/2025, às 16h12
Artigo publicado em 1º de abril de 2025 na Rolling Stone. Para ler o original em inglês, clique aqui.
Soulja Boy testemunhou em sua própria defesa nesta terça-feira, 1, em um julgamento civil na Califórnia. Aos jurados, ele disse que nunca agrediu a mulher que o acusa de espancamento, abuso sexual e cárcere privado.
O rapper, cujo nome verdadeiro é DeAndreCortez Way, negou veementemente o testemunho angustiante que a mulher deu em 19 de março. No processo, Jane Doe (nome fictício para preservar a identidade da denunciante) disse que ele supostamente a estuprou pela primeira vez em um banheiro em 2019. Ela alegou que o músico passou a espancá-la, repreendê-la e agredi-la sexualmente regularmente durante um relacionamento de dois anos que às vezes envolvia intimidade consensual.
Way, de 34 anos, admitiu que houve um encontro sexual com a mulher. Mas ele alegou que ela consentiu. “Perguntei se ela queria fazer sexo, e ela estava envolvida nisso”, disse. “Ela não me empurrou ou disse para parar, nada disso.”
Ele ainda afirmou que convidou Doe para morar em sua casa como parceira íntima após deixar a prisão — ele foi detido por um caso envolvendo posse ilegal de armas e munição.
“Você já bateu na boca da autora, quebrou o lábio dela e a forçou a fazer sexo oral em você?”, perguntou o advogado de defesa Rickey Ivie no julgamento. “Claro que não, e essa é uma alegação repugnante”, respondeu Way. “Parece loucura para mim. Eu não fiz isso.”
O depoimento iniciou na semana passada. Soulja Boy negou que a mulher tenha sido contratada como funcionária. No entanto, foi confrontado por um vídeo que o mostra chamando Doe de "assistente". Em resposta, o músico alegou que a chamou assim porque conheceu a mulher por meio de um amigo em comum naquele mesmo mês e lhe ofereceu hospedagem e alimentação gratuitas em troca de seus serviços de “preparar maconha”.
“Estávamos em um ambiente público, e eu não queria me referir a ela como 'preparadora de maconha' com câmeras e pessoas ao redor”, disse sobre o vídeo. “Achei mais apropriado chamá-la de 'assistente'.”
Novamente, Way foi confrontado com mensagens de texto supostamente mostrando que a mulher fazia compras regularmente para ele como sua assistente pessoal. Em uma das trocas de mensagens, ele repreendeu a mulher depois de perder um voo. Ela respondeu enviando capturas de tela de um aparentemente novo cartão de embarque. Soulja Boy alegou que a mulher estava morando em sua casa "sem pagar aluguel" e às vezes se oferecia para fazer coisas para ele, voluntariamente.
Jane Doe começou a chorar quando Way negou ter abusado sexualmente dela. Ela disse que não relatou o incidente a polícia porque estava "apavorada" com uma possível retaliação. “Eu estava com medo do que ele faria com minha família. Eu não queria que ele machucasse ninguém por minha causa”, testemunhou.
Enquanto enxugava as lágrimas, a mulher disse que o artista a chamava de nomes cruéis, negava refeições, a trancava em quartos e cuspia no chão só para vê-la limpar. Doe alegou que estava tão desesperada por comida que chegou a pedir aos jardineiros que trouxessem macarrão instantâneo. "Eu nem me sentia mais humana. Eu me sentia como um animal."
A mulher denunciou seu suposto abuso à polícia em dezembro de 2020, com um processo subjacente em janeiro de 2021. Ela processou Way com alegações de que ele a sujeitou a violência sexual, agressão, cárcere privado, sofrimento emocional, horas extras não remuneradas e um ambiente de trabalho hostil.
Essa não é a primeira denúncia do tipo contra o músico, que ganhou fama mundial com o hit viral de 2007 “Crank That (Soulja Boy)”. Ele também foi acusado de agressão física e sexual pelas ex-namoradas Kayla Myers — o juri considerou o artista culpado de agressão e sequestro — e pela modelo Nia Riley, filha do músico Teddy Riley, — o caso está sob julgamento à revelia.
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