Edição estendida terá, entre outras músicas, dueto da cantora com Marcos Valle em “Samba de Verão”; leia entrevista
Stacey Kent já é um nome constante no Brasil. Não apenas por fazer shows frequentes por aqui e gravar clássicos nacionais como “Águas de Março”, tanto em inglês e francês como em português, mas porque sua identificação vai além da música. “Isto não acontece por causa da minha carreira, é mais pessoal”, repete a cantora de jazz em português dedicado antes de falar sobre a ansiedade de estar de volta ao país, onde se apresenta em quatro capitais, em novembro.
Foi em uma destas vindas, no ano passado, que ela participou da comemoração de 80 anos do Cristo Redentor cantando “Samba de Verão” ao lado de Marcos Valle. O registro da apresentação estará inclusa em uma versão estendida do álbum Dreamer, o primeiro dela ao vivo, que será lançada em outubro.
“Estou fazendo uma turnê mundial e vamos tocar em mais de 20 países, mas será no Brasil que esta nova versão com mais canções será lançada primeiro”, afirma Stacey, que conta por que decidiu só agora fazer uma gravação ao vivo. “Adoro compartilhar minha música no palco com a plateia, mas separava isto da gravação em estúdio. Eu tinha uma preocupação, porque quando estou no palco não gosto de pensar em nada, gosto de ficar perdida na poesia”, explica. O resultado, no entanto, agradou, e ela já pensa em repetir a experiência.
No palco e fora dele, Stacey tem sempre a companhia de seu marido, o saxofonista Jim Tomlinson. Diferente da maioria dos casais no mundo da música, os dois se conheceram antes de se profissionalizarem. “Nos encontramos há 20 anos em Oxford, onde Jim estudava, e éramos apenas estudantes. Descobrimos que compartilhávamos muitos interesses, não só a música, mas também livros, ideias, etc. A primeira vez que eu fui na casa dele, estava na sala e vi uma gaveta cheia de discos. Percebi que tínhamos quase os mesmos discos”, lembra. Um deles era Getz de João Gilberto, que a cantora revela ter sido sua porta de entrada para conhecer a cultura brasileira. “Tinha 14 anos quando ouvi pela primeira vez”, diz ela, que então descobriu Tom Jobim, o filme Orfeu Negro (1959) e seu roteirista, o poeta Vinicius de Moraes.
Hoje Stacey e Tomlinson estudam português e fazem cursos intensivos do idioma durante os verões nos Estados Unidos. “Esta manhã mesmo estávamos assistindo a vídeos do Jô Soares na internet”, conta a artista, que afirma gostar de ver entrevistas com músicos como Caetano Veloso e Chico Buarque, além de poetas e políticos. “O português é parte da nossa vida cotidiana.”
Stacey, ao lado do marido, claro, terá no Brasil a companhia do Trio Corrente, formado por Fábio Torres (piano), Paulo Paulelli (baixo) e Edu Ribeiro (bateria). O quinteto, que já se apresentou junto anteriormente, fará shows no Rio de Janeiro (27/11), em São Paulo (28), Curitiba (29/11) e Belo Horizonte (30/11).