Projeto estava em banho-maria há uma década; documentário narrou o presumido fracasso da produção
Terry Gilliam recomeça a tocar o filme The Man Who Killed Don Quixote ("o homem que matou Dom Quixote", em português), projeto em banho-maria desde 2000 e tirado agora da gaveta com a ajuda do produtor Jeremy Thomas, com um Oscar de melhor filme na estante por O Último Imperador, de 1987. A informação é da revista Variety.
Reinterpretar a saga do cavaleiro espanhol criado no século 17 por Miguel de Cervantes é um antigo projeto do cineasta, que fez fama no grupo de comédia britânico Monty Python e à frente de filmes como Brazil (1985) e Os Irmãos Grimm (2005). É de sua autoria, ainda, o inédito O Imaginário do Dr. Parnassus, último filme com Heath Ledger, morto em janeiro de 2008.
O roteiro terá colaboração de Tony Grisoni, com quem Gilliam trabalhou em Tideland (2005) e Medo e Delírio em Las Vegas (1998), baseado no livro do jornalista gonzo Hunter S. Thompson. A história de The Man Who Killed Don Quixote seguirá um cineasta jogado ao século 17 e involuntariamente tomado por Sancho Pança, o fiel escudeiro do cavaleiro.
Há nove anos, as tentativas frustradas de Gilliam para tirar o filme do papel renderam o documentário Lost in la Mancha. Narrado pelo ator Jeff Bridges, o filme resgata as desventuras que atrasaram (e por pouco não sepultaram) a produção, de tempestades que destruíram equipamentos à descoberta, no primeiro dia de filmagem, que o set era vizinho de um barulhento campo de treinamento da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Direto do Festival de Cannes, que acontece até o dia 24 de maio, Thomas descreveu o projeto como "irresistível". Já Grisoni, neste barco há quase dez anos, afirmou que não é possível escapar de certos pactos. "Não obstante Deus e o diabo, ele cavalgará de novo!" As filmagens devem começar em 2010.