Grupo norte-americano celebra dez anos de carreira com turnê mundial e disco de inéditas, Lovely Little Lonely, lançado em abril
Por volta das 15h do último sábado, 15, centenas de adolescentes lotavam a esquina da avenida Valdemar Ferreira e da rua Desembargador Armando Fairbanks (próximo à Marginal Pinheiros, no Butantã, em São Paulo) com camisetas que traziam o nome da banda que os levou até lá: The Maine. Faltavam ainda quatro horas para o show no Tropical Butantã, mas a antecipação dos fãs se devia a um convite do grupo. As primeiras 500 pessoas que compraram ingressos para a apresentação foram chamadas para um encontro com John O’Callaghan (vocal), Pat Kirch (bateria), Jared Monaco (guitarra), Kennedy Brock (guitarra) e Garrett Nickelsen (baixo), antes da performance em São Paulo.
“O que você comeu hoje?” perguntou o vocalista, simpático, a uma das cinco fãs sorteadas para assistir à passagem de som da banda, que antecedeu o Meet & Greet. Essa proximidade, segundo O’Callaghan, é a forma deles retribuírem toda a atenção recebida. “Acho que é fácil os artistas acharem que valem alguma coisa, por terem a oportunidade de fazer música. Nós achamos o contrário. Sentimos que devemos algo às pessoas.”
Tal sentimento foi construído ao longo de uma carreira que começou há dez anos, na cidade norte-americana de Tempe, no Arizona. “Acho que finalmente podemos dizer que somos uma banda”, afirma. Depois do lançamento de seis discos de estúdio e algumas turnês mundiais — que, com o último show, somaram cinco vindas ao Brasil —, o vocalista explica que só agora eles sentem o peso da responsabilidade de serem artistas. “No palco, estamos preocupados em termos uma dinâmica musical melhor, em tocarmos melhor e entender o que cada um [da banda] está sentindo.”
Arizona to Brazil!!!! Tour starts tonight in São Paulo!!! #lovelylittlelonely ????: @_lupe
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“Nosso objetivo imediato é fortalecer o que construímos até aqui, e, a longo prazo, queremos mais dez anos de The Maine”, enfatiza. “Nós estamos sempre vivendo o presente, mas, ao mesmo tempo, pensando em maneiras de nos desafiarmos para que a nossa música nunca se torne chata ou ultrapassada.”
E desafio foi a palavra-chave durante a produção do álbum mais recente do grupo, Lovely Little Lonely, lançado em abril. Pela primeira vez experimentando interlúdios (com as faixas “Lovely”, “Little” e “Lonely” garantindo a fluidez entre as músicas do LP), o The Maine apresentou uma versão mais madura. “Esse foi um dos discos mais difíceis e mais gratificantes para nós”, diz. “Assim como no primeiro álbum [Can’t Stop, Won’t Stop, de 2008], nos colocamos fora da nossa zona de conforto. Gravamos e escrevemos de maneiras que não estávamos acostumados, e nos preocupamos em entregar algo que pudesse ser facilmente digerido, caso alguém escutasse apenas uma faixa, mas que também formasse um trabalho integralmente coeso.”
Para colocar essa unidade em prática, o The Maine irá embarcar, em outubro, na Modern Nostalgia Tour, um giro pelos Estados Unidos em que os dois últimos trabalhos do grupo, American Candy (2015) e Lovely Little Lonely, serão tocados na íntegra. “Vimos muitas bandas fazendo turnês comemorativas de dez anos e não quisemos isso. Não queremos que pareça que estamos revisitando o passado porque não temos fé no que fazemos agora.”