Jessica Chastain e James McAvoy protagonizam estreia de Ned Benson
Muitos filmes tentam encaixar em seu tempo de duração mais de um ponto de vista sobre um fato. The Disappearance of Eleanor Rigby, drama dirigido por Ned Benson, leva o conceito ao extremo. O longa de mais de três horas na verdade se divide em dois, Him e Her (Ele e Ela), cada um mostrando um lado da mesma história. O resultado final é interessante, embora por vezes cansativo.
Tanto Him quanto Her funcionariam bem como obras separadas. Benson, no entanto, quis, logo em sua estreia, realizar um projeto com ares grandiosos. Nele, somos apresentados ao casal formado por James McAvoy e Jessica Chastain, e ao fim do relacionamento deles. Uma tragédia ocorrida há pouco tempo, mas nunca diretamente mencionada, fez com que os dois se distanciassem, principalmente pelo modo de cada um abordar o problema.
Assim, Eleanor Rigby, personagem de Jessica, quer apenas desaparecer. O marido dela fica perdido, após ver os sete anos de casamento esfacelados, e volta a cuidar de seu bar à beira da falência, enquanto ela tenta colocar a vida no lugar. Nesse momento de ruptura, as diferenças começam a aparecer em ambas as versões e o brilhante elenco de apoio aparece.
No caso dele, Bill Hader e Ciaran Hinds aparecem como chef do restaurante e pai, respectivamente, tornando a jornada muito mais interessante. Hader, em especial, faz aqui um papel menos cômico do que o habitual, dando uma dimensão interessante ao seu personagem. Assim, o personagem de McAvoy divide o tempo entre procurar por seu antigo amor e tentar e salvar o bar.
Eleanor, por sua vez, volta a viver com os pais, interpretados pelos excelentes William Hurt e Isabelle Huppert, enquanto assiste a aulas da professora vivida por Viola Davis. O trio é responsável por soprar vida na personagem de Jessica Chastain que, após a citada tragédia, está constantemente incomodada com o jeito cuidadoso das pessoas a sua volta.
O roteiro possui boas passagens, mas, por tentar englobar muita coisa, acaba verborrágico. Quando é feita uma economia e os atores têm espaço para balancear diálogo com gestos e expressões, como na linda cena final, o longa ganha força.
Talvez melhor apreciado separadamente, as duas partes de The Disappearance of Eleanor Rigby mostram que o diretor Ned Benson não apenas é talentoso como também ambicioso. No duro mercado de hoje, tentar vender um filme como esse é uma difícil tarefa. Prova de que Benson é tão apaixonado pelo projeto quanto seus protagonistas são um pelo outro.
Leia mais sobre a cobertura do Festival de Toronto nos links relacionados abaixo.