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TIFF 2013: Jesse Eisenberg luta contra ele mesmo no estiloso The Double

Novo longa de Richard Ayoade é baseado em obra de Dostoiévski

Paulo Gadioli, de Toronto Publicado em 12/09/2013, às 13h38 - Atualizado às 13h48

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Jesse Eisenberg - Divulgação
Jesse Eisenberg - Divulgação

Conhecido pela série The I.T. Crowd, Richard Ayoade fez sua estreia como diretor em 2010 com o bom Submarino. Apesar de ser apenas o primeiro, o longa já mostrava estilo e peculiaridades de um talento promissor. The Double, novo filme do britânico, vai ainda mais fundo e, com ecos de Terry Gilliam (especialmente Brazil), usa uma história de Dostoiévski para criar um inferno burocrático em que um homem se defronta com ele mesmo.

Simon James, personagem de Jesse Eisenberg, trabalha em um escritório cuja função, embora explicada de diversas formas, nunca fica clara. São pequenas cabines, alinhadas lado a lado, em um pesadelo kafkiano que já começa com a inspeção que o rapaz sofre ao tentar entrar no prédio sem sua identificação, essencial para que alguém saiba quem ele é pois, nas palavras de seu próprio chefe, Simon não é exatamente uma pessoa notável.

Enquanto se divide entre seu trabalho e uma colega por quem está apaixonado, o tímido e introvertido Simon ouve a notícia de que um novo funcionário chegou para revolucionar a companhia. Ao ver seu novo colega, chamado James Simon, a surpresa: trata-se de uma cópia exata dele mesmo. Porém, pela falta de notabilidade citada anteriormente, a diferença passa despercebida por todos e, mesmo confrontando seus colegas, ninguém percebe ou liga para o fato.

Como era de se esperar, o novo é completamente oposto ao velho. Enquanto Simon é introvertido, James conta piadas, ri alto e faz amizades com todos logo no primeiro dia. Ambos conversam, tudo indica uma estranha amizade, mas, aos poucos, James começa a tomar a vida de Simon, roubar seus projetos, ir atrás da garota que ele ama.

Por trabalhar nesse mundo fantasioso, o longa propõe muitas leituras interessantes como, por exemplo, as criticas à burocracia, algo tão atual quando Dostoiévski escreveu a obra quanto é hoje. A direção de arte auxilia, e muito, no conceito. São cenários simples, familiares, mas ao mesmo tempo possuem uma qualidade única, passando a impressão de serem lugares que jamais caberiam no mundo de verdade.

Eisenberg parece estar se divertindo. Simon, o primeiro, é o estereótipo esperado do norte-americano. Já seu doppelgänger é o exato oposto, e o ator consegue se sair bem em ambos os personagens, criando um curioso contraste quando os dois interagem. The Double tem uma beleza incomum, e Ayoade é um talento a se observar.

Leia mais sobre a cobertura do Festival de Toronto nos links relacionados abaixo.