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#TimesUp para Bill Cosby: comediante é julgado culpado por abuso sexual e pode pegar 30 anos de prisão

Ele foi acusado de drogar e abusar sexualmente de Andrea Constand

Rolling Stone EUA Publicado em 26/04/2018, às 16h29 - Atualizado às 18h01

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Bill Cosby deixando o tribunal em que foi julgado por assédio sexual nos Estados Unidos - Matt Slocum/AP
Bill Cosby deixando o tribunal em que foi julgado por assédio sexual nos Estados Unidos - Matt Slocum/AP

Um júri declarou Bill Cosby culpado de drogar e abusar sexualmente de uma mulher de 14 anos nesta quinta, 26, de acordo com a Associated Press. O comediante recebeu um novo julgamento depois que o julgamento inicial dele acabou com um júri em impasse no último mês de junho. Foi o primeiro caso de uma celebridade sendo julgada na era #MeToo e #TimesUp.

Cosby foi declarado culpado em todas as cortes por abuso sexual contra Andrea Constand: penetração sem consentimento, penetração enquanto ela estava inconsciente e penetração depois de intoxicá-la. Cosby pode pegar até dez anos na cadeia por cada uma das situações (totalizando um máximo de 30 anos), segundo informações do New York Times. O júri, formado por sete homens e cinco mulheres, precisou de dois dias para chegar a uma conclusão.

Apesar de ter sido o segundo julgamento de Cosby em menos de um ano – eles aconteceram no mesmo tribunal em frente ao mesmo júri –, o mais recente deles foi feito de maneira diferente em relação ao primeiro. O juiz Steven T. O'Neill permitiu a cinco mulheres testemunharem sobre as interações delas com Cosby, além de Andrea Constand (mais de 50 mulheres já acusaram o comediante de assédio ou improbidade sexual, apesar de que a de Andrea foi a única em resultar em acusação criminal”). Cosby também foi representado por um novo advogado, Thomas A. Mesereau Jr., que anteriormente trabalhou com Michael Jackson durante um caso de 2005 em que o astro foi acusado de pedofilia.

Novas evidências também foram permitidas no tribunal pela primeira vez. Andrea processou Cosby em um tribunal civil mais de dez anos atrás e aceitou um acordo multi-milionário. Detalhes relacionados àquele processo, incluindo o valor do acordo (US$ 3,38 milhões), foram apresentados no novo julgamento.

Com os testemunhos das supostas vítimas e de Andrea, a acusação tentou demonstrar que Cosby tinha um padrão de se encontrar com mulheres, drogá-las e depois assediá-las. Em um dos momentos mais dramáticos, conforme noticia o NY Times, uma das testemunhas relembrou de ser assediada e disse: “Você lembra, não lembra, Sr. Cosby?”. Os advogados do comediante pediram imediatamente para uma anulação de julgamento, mas foram rejeitados.

A estratégia de defesa incluiu tentativas repetidas de descreditar Andrea, dizendo que os interesses dela em torno de Cosby eram apenas financeiros. A defesa também tentou provar que Andrea e Cosby estiveram romanticamente envolvidos, segundo o NY Times, examinando ligações telefônicas que ela fez à casa de Cosby nas semanas depois do abuso. Táticas de tentar gerar simpatia por Cosby também foram usadas – com os advogados descrevendo o cliente como “solitário e com problemas” depois da morte do filho –, assim como registros de viagens em janeiro de 2004, a fim de provar que ele não estava em casa na hora do incidente.

Durante o novo julgamento, a tensão também estava em alta do lado de fora do tribunal. No primeiro dia, de acordo com a CNN, uma protestante sem roupa pulou uma barricada perto de Cosby com os dizeres “Cosby estuprador” escritos no corpo, ao lado dos nomes das mulheres que o acusaram de estupro. Ela foi presa. Um representante de Cosby, Andrew Wyatt, também entrou em uma discussão pública com Gloria Allred – advogada de muitas mulheres que acusaram o comediante – nas escadarias do tribunal.