Guitarrista Tom Morello falou sobre fãs que se incomodam com letras - e posição política - da banda Rage Against The Machine; confira
Além de ser um dos guitarristas mais respeitados de sua geração, Tom Morello, das bandas Rage Against The Machine e ex-Audioslave, se destaca também pelo ativismo que exerce. Graduado em Ciência Política na Universidade Harvard, o músico insere explicitamente o seu lado político - com crenças à esquerda - em sua arte; posição que nem sempre é compreendida pelos fãs.
Em conversa online com jornalistas da imprensa brasileira para divulgar o seu novo álbum solo, The Atlas Underground Fire (lançado nesta sexta, 15 de outubro),Tom Morello respondeu sobre fãs que deixam de gostar de certos artistas - incluindo o Rage Against The Machine - ao descobrirem que as letras tratam sobre política.
"As pessoas vão ficar ofendidas, mas f*da-se!," afirmou Tom Morello ao ser questionado sobre perder fãs por causa de posição política. "Então, isso é bom. Isso é bom para o artista. Se você é um artista que faz música para todos concordarem, provavelmente será uma m*rda," acentuou o guitarrista de 57 anos.
Continuando o assunto, Morello disse: "Se você é um artista que nega o que realmente sente em nome de um jogo comercial, bem, você será um artista que eu não admiro. Particularmente, é um nível de inferno para aqueles que negam a própria essência; eles veem e sentem a injustiça, reclamam e descrevem a injustiça nos shows, mas depois ficam preocupados em perder fãs e fazer menos dinheiro. Esse tipo [de artista] faria me sentir o pior tipo de se vender."
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Como exemplo, o músico retornou ao passado quando tocava em seu 1ª grupo, o Lock Up: "Eu estava em uma banda antes do Rage Against The Machine, e essa banda não era política: era uma banda normal com empresários e nós queríamos ser rockstars. Então, nós gravamos um álbum, vendemos o álbum e caímos na estrada com 17 anos. E nunca nos tornamos rockstars. Então, eu só pensava que aquilo tornou a minha alma inválida e que eu nunca mais tocaria nenhuma outra música que eu desacreditasse."
Durante a conversa, Tom Morello foi informado que o baixista e vocalista Roger Waters, ex-integrante do Pink Floyd, perdeu muitos fãs brasileiros por criticar o presidente Jair Bolsonaro durante os shows realizados no Brasil em 2018. Na ocasião, Waters apontou Bolsonaro - até então candidato à eleição presidencial - como neofascista no telão de fundo da apresentação.
"Ah, isso é bom para ele! [Roger Waters]," respondeu Morello em tom de brincadeira - porém, falando sério - sobre o ex-integrante do Pink Floyd perder fãs eleitores de Jair Bolsonaro.
Após o álbum The Atlas Underground (2018), Tom Morello acabou de lançar o segundo trabalho solo, The Atlas Underground Fire. As faixas apresentam um elenco de colaboradores de cair o queixo, incluindo Bruce Springsteen, Eddie Vedder, Chris Stapleton, Mike Posner, Damian Marley e a banda Bring Me The Horizon, entre outros nomes.
Um dos destaques, inclusive, é a versão de Highway To Hell, do AC/DC. "Nossa versão de 'Highway To Hell' é uma homenagem ao AC/DC, mas, com Bruce Springsteen e Eddie Vedder nos vocais essa lendária música é trazida para o futuro. É uma das maiores músicas de rock n’ roll de todos os tempos, e cantada por dois dos maiores cantores de rock n' roll de todos os tempos," escreveu Tom Morello no release oficial.