“Estou achando que pode ser a última viagem pelo país”, diz Petty. “É muito provável que continuemos tocando, mas fazer 50 shows em uma turnê? Acho que não”
No final de novembro, 40 anos depois do lançamento de seu álbum de estreia, Tom Petty e os Heartbreakers se juntaram para tocar em seu espaço de ensaio em Los Angeles. “Basicamente tocamos covers”, conta o tecladista Benmont Tench. “Quando nos juntamos, tendemos a tocar muitos blues no estilo de Chicago, mas Tom também inventava músicas na hora. Estávamos desenferrujando.”
A ferrugem tinha acumulado depois de uma pausa de três anos nas turnês, a mais longa da banda em 25 anos, mas o Heartbreakers está compensando bastante o tempo perdido, com uma turnê de 40 anos que começa em abril e vai até agosto. Além do aniversário, há outro possível motivo de destaque: pode ser, diz Petty, “a última grande. Estou achando que pode ser a última viagem pelo país. É muito provável que continuemos tocando, mas fazer 50 shows em uma turnê? Acho que não. Todos já passamos dos 60. Tenho uma neta que quero ver o máximo possível.”
A banda planeja mergulhar fundo em seu catálogo para a turnê. Em 2013, o Heartbreakers se apresentou em alguns teatros focando em canções mais obscuras, em vez dos sets cheios de hits das turnês anteriores. “Se eu fosse um fã e eles não tocassem ‘American Girl’ ou ‘Free Fallin’’, eu ficaria decepcionado”, afirma Petty, de 66 anos, “mas quero continuar com a energia que tínhamos nos shows em teatros, quando tocamos várias músicas populares, mas também demos aos fãs de longa data algumas coisas bem profundas. Podemos mudar o show o quanto quisermos a cada noite.”
Embora nada esteja definido, os membros da banda têm uma ideia de quais raridades gostariam de tocar: Petty gosta de “You’re Gonna Get It”, de 1978 (que não é tocada ao vivo desde o Réveillon de 1978) e da lamentosa “Room at the Top”; Tench quer tocar a faixa-título de Echo e “Louisiana Rain”; e o guitarrista Mike Campbell espera vir com “Fooled Again”, “Luna” e “Hurt,” todas dos dois primeiros álbuns.
Petty tem planejado lançar uma versão deluxe de seu LP solo de 1994 Wildflowers em 2017, com um disco bônus de material inédito, e quer levá-lo em uma turnê especial. “Os 40 anos meio que atrapalharam”, afirma. “Olhei para a turnê que agendaram e eram só lugares grandes. A turnê do Wildflowers terá de ser em lugares menores, porque o disco é bem tranquilo e acústico.”
Tirando o baterista Stan Lynch, que saiu do Heartbreakers em 1994, todos no álbum de estreia continuam na banda. “Não quero citar nomes, mas muitas pessoas em bandas saem juntas e ninguém se gosta”, diz Tench. “Estão ganhando muito dinheiro e só batendo ponto. Nunca fomos assim. Temos uma química e uma telepatia que são muito raras.”
O Tom Petty Radio, canal do vocalista no SiriusXM, ocupou boa parte do tempo do músico desde o final da última turnê do Heartbreakers, em 2014. Diferentemente de outros roqueiros que também têm canais no Sirius, Petty supervisiona o seu pessoalmente. Até apresenta um programa, Tom Talks to Cool People, onde entrevistou de Micky Dolenz do Monkees ao baterista do Doors, John Densmore. “Estou no paraíso com esse negócio de rádio”, conta Petty. “Quero ter a melhor estação de rock do mundo”. Ele tem outro projeto que pretende concluir antes do final da turnê: produzir um disco para Chris Hillman, que tocou baixo no Byrds, uma de suas bandas preferidas.
A afirmação feita por Petty de que esta pode ser a última grande turnê provavelmente gerará muita atenção entre os fãs, mas seus colegas de banda estão duvidosos. “Ele fala isso há 10 anos”, afirma Campbell. “Seria uma pena parar de tocar enquanto estamos no auge de nossas habilidades”. Tench tem a mesma sensação. “Não sei o que se passa na cabeça de Tom”, diz, “porque ele com certeza não me disse nada.”
Petty já está pensando em levar Wildflowers à estrada depois do final da turnê de 40 anos. “Comecei a falar nisso outro dia e ouvi um ‘Cale a boca!’”, afirma. “Toda vez que abordo o assunto, bato no muro, mas acabamos em agosto. Depois disso, não está fora de cogitação. Eu montaria o box set e o levaria para a estrada até o fim do ano. Então, diremos: ‘o que você tem vontade de fazer?’ e veremos para onde vamos.”