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Tonho Crocco afirma que processo por "Gangue da Matriz" não foi retirado

"Ele declarou isso porque cansou de tomar paulada", falou o músico sobre o deputado Giovani Cherini; político se revoltou contra as críticas do músico ao aumento de 73% do salário dos deputados no Rio Grande do Sul

Por Bruno Raphael Publicado em 05/08/2011, às 19h40

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Tonho Crocco está sendo processado pelo deputado estadual Giovani Cherini, do PDT (RS) - Divulgação
Tonho Crocco está sendo processado pelo deputado estadual Giovani Cherini, do PDT (RS) - Divulgação

Em 21 de dezembro de 2010 deputados estaduais do Rio Grande do Sul aprovaram uma emenda para o aumento de 73% dos próprios salários, que elevou o teto salarial de R$ 11.564,76 para R$ 20.042,34. Em menos de 24 horas, Tonho Crocco, ex-vocalista do Ultramen e agora em carreira solo, conseguiu gravar um vídeo caseiro chamado "Gangue da Matriz", uma canção em que cita o nome dos 36 deputados que votaram a favor do reajuste.

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Na época, o vídeo gerou uma modesta repercussão, chegando a 35 mil visitantes no YouTube. No entanto, após serem veiculadas notícias dando conta de que o então presidente da Assembleia, Giovanni Cherini (PDT-RS), decidira processar o músico por crimes contra a honra, as visualizações de "Gangue da Matriz" ultrapassaram a marca de 100 mil visitantes e Tonho conseguiu apoio da mídia e do público em redes sociais.

"Eu espero poder me manifestar sempre, como músico e artista. Uma das possibilidades de eu não ser preso é eu me retratar ou pagar cesta básica", conta Tonho à Rolling Stone Brasil. "Mas nada disso me satisfaz, vou brigar pela minha inocência e esperar que arquivem o caso."

A respeito de haver ou não acusações no rap de "Gangue da Matriz", cujo nome se deve a uma analogia entre a verdadeira gangue, composta nos anos 80 por filhos de nomes importantes da alta sociedade gaúcha que atacavam jovens na Praça da Matriz onde, curiosamente, se localiza a Assembleia Legislativa de Porto Alegre, Tonho não nega nada. "Para mim é arte. Pode até existir ironia, mas essa é a função: fazer a gente pensar e duvidar", afirma o músico. Tonho também acredita que o deputado Cherini não teria coragem de processá-lo, caso o músico tivesse uma repercussão midiática maior. "Se eu fosse um grande artista da música brasileira não [teria sido processado], porque a maioria dos ditos grandes tem poucas convicções políticas ou estão confortavelmente relaxados nos seus sofás."

Na noite da última quinta, 4, o deputado Cherini manifestou em um programa de rádio o desejo de retirar as acusações contra Crocco. "Tu acredita em palavra de político? [risos] Ele declarou isso porque cansou de tomar paulada", disse Tonho nesta sexta, 5. "Falei com meu advogado, mas por enquanto é só uma promessa. O processo continua rolando no Ministério Público."

Caso o processo seja mantido, no dia 22 de agosto deve acontecer a primeira audiência. Segundo Crocco, se isso acontecer, cerca de oito mil pessoas marcarão presença no Foro Central de Porto Alegre para protestar contra Cherini. "Todos podem fazer sua parte. Cabe ao povo se inspirar e fazer alguma coisa", ele decreta. "Acho injusto. Enquanto o povo brasileiro briga por um aumento de 4% ou 5%, isso [o reajuste de 73%] é concedido de uma vez, de maneira tão sorrateira."

Assista abaixo ao rap "Gangue da Matriz":