Tony Bennett fala sobre disco com participação de artistas brasileiros

Crooner acaba de lançar Viva Duets, que tem Ana Carolina, Maria Gadú e Roberto Carlos como convidados

Patrick Doyle

Publicado em 23/10/2012, às 20h18 - Atualizado às 20h26
Tony Bennett na festa pré-Grammy de Clive Davis - AP
Tony Bennett na festa pré-Grammy de Clive Davis - AP

“Eu sou afortunado e abençoado”, diz Tony Bennett sobre Viva Duets. O novo disco conta com a participação de artistas latinos, incluindo os brasileiros Roberto Carlos, Ana Carolina e Maria Gadú.

E Bennett não para por aí – ele já terminou um LP mais intimista e está planejando um álbum de jazz com Lady Gaga. “Eu tenho diferentes ideias sobre diferentes coisas, e elas simplesmente acontecem.”

Como você conheceu a música latina?

Bem, eu sempre gostei. Eu costumava chatear as gravadoras, porque eles diziam: “Por que você não faz rap?” ou “Por que você não faz disco music?”. O que quer que fosse a moda no momento. E eu dizia que não, que eu tinha um compromisso com cantar apenas músicas boas, e é isso que faço. O que gosto na música latina é que você consegue sentir a alma dos cantores. É o que acontece nesse disco. Sabe, as músicas que eu fiz, quando eles traduziram para a língua espanhola [e portuguesa], você conseguia ouvir a emoção. E cada um soa diferente, mas todos têm muito sentimento. Então, estou muito feliz com o modo como saiu o álbum.

Você viajou como fez no último disco Duets?

Com certeza. Fomos para a Espanha, para o México, todo lugar. Eu amo. O que eu amo é sentimento da [comunidade] latina. Eles são tão felizes, sabe... Esse ano decidiram acabar com a categoria latina no Grammy, então decidi mostrar que eles são aceitos, e assim funcionou muito bem. Sabe, não foi minha ideia – foi ideia do meu filho Dan fazer um disco latino. Primeiro, eu perguntei por quê. Mas eu não fazia ideia que seria algo tão fenomenal.

Que tipo de música tem te impressionado atualmente?

Eu sou realmente um amante do jazz. Amo música clássica também, mas amo os artistas de jazz reais, sabe? Para mim, é deles a música que realmente dura para sempre. São eles que me arrebatam, os artistas de jazz de verdade. Eu nunca procurei dinheiro rápido, sabe. Quando terminei de servir ao exército na Segunda Guerra Mundial, podíamos retomar os estudos que havíamos perdido durante a guerra, e eu entrei na [escola de teatro] American Theatre Wing. E todos os professores naquela maravilhosa escola me ensinaram a “apenas cantar qualidade”. Fique com a qualidade. Se você é ator, fique com Tennessee Williams e outros grandes escritores. Se é cantor, apenas cante Cole Porter, Jerome Kern. Mesmo que não seja contemporâneo, dura para sempre. Essa música dura para sempre. Quando você ouve Ella Fitzgerald, Nat King Cole ou Sinatra, você percebe que essa música nunca vai morrer. Nunca vai soar datada.

Tem alguém agora que você acha que pode ser lembrado dessa forma um dia?

Ah, sim. Tem o Sting. Tem a Diana Krall. Muitos. Michael Bublé vai ser, do jeito dele, um novo Louis Prima. Ele entretém as pessoas de um jeito bom.

Você tem outras grandes metas para os próximos anos?

Claro. Eu simplesmente tenho diferentes ideias sobre diferentes coisas, e elas simplesmente acontecem. Fiz um disco que ainda não foi lançado, que se chama A Quiet Thing, apenas com guitarra e baixo, muito discreto, mas é lindo, com Gray Sargent na guitarra, um mestre. Fizemos boas músicas, como "Sweet Sue, Just You", que eu dediquei para minha esposa, e "A Quiet Thing", uma música muito bonita.

Você tem se apresentado por mais de 60 anos. É difícil assimilar isso?

Eu sou afortunado e abençoado pelo fato de que nós apenas tocamos pelos últimos dois meses e meio. Fomos para a Noruega , Suécia, Paris, Alemanha, Itália, Espanha, e vendemos todos os ingressos e conseguimos ótimas resenhas em todo lugar, unânime. E de lá fomos todos para o Canadá. Quero dizer, não posso acreditar que tenho 86 anos, sabe.

O que você ainda tira disso?

Contentamento. Eu simplesmente amo o que faço, sabe. Também pinto todos os dias. Sou totalmente envolvido com artes, minha esposa e eu abrimos escolas na minha cidade natal, Astoria, a The Sinatra School, que fez tanto sucesso que agora estamos em 14 escolas em Nova York, e apoiamos as artes em todas as escolas públicas de Nova York.