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A tragédia que matou Conor, filho de quatro anos de Eric Clapton, em um segundo de descuido

O menino ultrapassou uma janela aberta no andar 53 de um hotel em Nova York

Redação Publicado em 20/03/2020, às 20h30

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Conor e o pai, Eric Clapton (Foto: Reprodução Eric Clapton: Life in 12 Bars)
Conor e o pai, Eric Clapton (Foto: Reprodução Eric Clapton: Life in 12 Bars)

Em 21 de agosto de 1986, nascia Conor, segundo filho de Eric Clapton. O astro estava em um período conturbado da vida, e não passava muito tempo com o bebê - nem com o menino, nem com a menina mais velha (ela não soube quem era o pai até ter seis anos). A distância proposital mudou quando, em agosto de 1990, quatro colegas músicos morreram em um acidente de helicóptero. O guitarrista passou a valorizar mais a vida, largou o álcool, tentou ficar próximo da família.

Em março de 1991, Conor tinha quatro anos. Eric Clapton queria passar um tempo com o filho, e pediu para Lory Del Santo, mãe da criança, ir para Nova York com ele - assim, durante o final de semana, poderiam sair. O músico levou o menino ao circo e o devolveu para a mãe durante a noite. Ambos estavam em êxtase:

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“Eles realmente curtiram muito,” contou Del Santo a BBC News. “Quando Eric voltou, me olhou e disse que finalmente entendia o que significava ter um filho e ser pai. Estava muito feliz. Era a primeira vez que passava algumas horas sozinho com nosso filho. Conor, por sua vez, estava muito emocionado pelo dia tão maravilhoso que havia passado com o pai.”

Ficou combinado de, no dia seguinte, a família se encontrar pela manhã e ir ao zoológico logo após o almoço. Del Santo se arrumava no banheiro, e Conor brincava de pega-pega com a babá no quarto. O zelador pediu atenção, pois as janelas estavam em limpeza - o vidro não estava no lugar. A babá tentou avisar o menino para manter-se longe - mas não deu tempo. Conor correu naquela direção:

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“Escutei um grito de aflição que não era de Conor. Era da babá,” relatou Del Santo. “Corri ao quarto gritando de forma histérica. ‘Onde está Conor? Onde está Conor?’ Vi, então, a janela aberta e entendi o que tinha acontecido. Senti que perdia as forças e desmaiei.” Conor caiu do 53º andar, no telhado de outro prédio. Morreu na hora.

Em Eric Clapton: A Life in 12 Bars, o músico comentou a tragédia. Soube da morte do filho pelo telefone: “Senti como se saísse de mim mesmo, não podia entender, não podia assumir. Fui com ele ao hospital mais próximo e me despedi dele. Perdi a fé." A pior parte foi só ter um dia com ele antes da morte: “Conor foi a primeira coisa que aconteceu na minha vida que realmente tocou meu coração e me fez pensar: ‘É hora de amadurecer.’”

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“Tears In Heaven”

Da tragédia, nasceu o hit “Tears In Heaven.” Foi composta nove meses depois, enquanto Eric Clapton abria cartas de fãs. Entre elas, havia uma de Conor, enviada de Milão, onde morava, antes da temporada em Nova York:

“Comecei a abrir as cartas de condolências, eram milhares, e no meio delas havia uma de Conor: ‘Te amo, quero te ver de novo. Um beijo’. Nesse momento, vi que eu podia passar por aquilo sem beber, poderia fazer qualquer coisa. Fui consciente de que podia fazer dessa tragédia algo positivo e dediquei minha vida a honrar meu filho. Peguei uma guitarra e a toquei sem parar durante meses para tentar enfrentar a situação. A música me salvou, levou a dor... Escrevi ‘Tears in Heaven’ para mim porque me sentia terrivelmente mal,” explicou no documentário.

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A música rendeu a Eric Clapton o nº2 da Billboard Hot 100, além de chegar aos top 10 de mais de 20 países. Ganhou três Grammys, incluindo Música do Ano e Gravação do Ano. Pela Rolling Stone, é a 362ª Melhor Música de Todos os Tempos.

Apesar disso tudo, para Clapton, é amarga. Desde 1992 até 2004, apareceu em todos os shows do guitarrista. Sempre deixava-o emocionado, arrancava-lhe lágrimas. Quando parou de apresentá-la, explicou que havia completado um passo do processo de luto. A música já não o emocionava tanto quanto antes - mas não queria lembrar dela assim.

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Del Santo, por sua vez, não suporta a canção. Nunca ouviu, nem quer ouvir, como disse para BBC. “Uma vez, quando estava em Amsterdã, colocaram a música no rádio. Ao soarem os primeiros acordes, saí correndo para não ouvi-la.”

Os dois nunca conversaram sobre o assunto.

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