Por dentro do álbum que tem de Arcade Fire a Taylor Swift, passando por Maroon 5
Taylor Swift ficou famosa cantando sobre ex-namorados e valentões de escola. Mas nas primeiras músicas novas desde 2010, ela contará as histórias de uma personagem ficcional futurista – a protagonista do blockbuster Jogos Vorazes, Katniss Everdeen, intepretada pela estrela em ascensão Jenniffer Lawrence. “Entrar na mente dela foi uma forma maravilhosa de tirar uma folga”, diz Taylor, que compôs “Safe & Sound” e “Eyes Open” para a trilha do filme, produzida por T Bone Burnett. “É muito intenso escrever sobre minha própria vida, meus próprios problemas. Escrever sob a perspectiva de outra pessoa foi quase como tirar férias.”
Quando a Lionsgate encarregou Burnett de gravar músicas para o filme, o produtor arrebanhou um grupo respeitável de artistas: Arcade Fire, The Decemberists, Miranda Lambert, Maroon 5, Kid Cudi e Neko Case contribuíram com faixas inéditas. A do Arcade Fire, “Abraham’s Daughter”, surgiu depois que Win Butler e Régine Chassagne se encontraram com o produtor na região de São Francisco, depois de um show beneficente organizado por Neil Young. “É um cara ótimo para se conversar sobre música, foi o que nos levou à faixa”, diz Butler. “Estamos dando um tempo agora, por isso foi um projetinho bem legal de se fazer com a banda.”
Jogos Vorazes gira em torno de um grupo de garotos vivendo em uma versão distópica da região cultural norte-americana da Appalachia. No conceito mais perverso de reality show de todos os tempos, uns poucos escolhidos são forçados a lutar uns contra os outros até a morte, enquanto os amigos e famílias deles assistem em casa. Com o orçamento estimado em US$ 200 milhões (e 23,5 milhões da série de livros que deu origem à película em circulação), o filme tem uma trilha tem tudo para ser um sucesso.
Considerando a ambientação de ficção científica de Jogos Vorazes, os cineastas poderiam ter seguido naturalmente por uma linha mais futurista – com muito Skrillex, por exemplo – mas escolheram Burnett porque queriam músicas ligadas às raízes regionais dos personagens. “Katniss vem do Distrito 12, que sabemos ficar nas Montanhas Apalaches”, diz Tracy McKnight, responsável da Lionsgate pela música do filme. “A história se passa no futuro, mas ainda assim tem um som orgânico.”
Mas, para os artistas, buscar inspiração no lado geek fanático por sci-fi foi a parte mais legal. “Adoro ficção científica”, diz Butler. “Eu tinha um professor na escola, um beatnik veterano que me mostrou Blade Runner e Brazil quando tínhamos acabado de ler 1984. Vi todos esses exemplos de como as pessoas usaram a ficção científica para falar sobre o presente.” Taylor Swift complementa: “A primeira coisa que fiz foi ler o livro, em uns dois dias. Achei que seria mais no estilo de aventura e ação, mas tem muito mais emoção do que isso. Há uma carga enorme de tristeza”.