Eloy Casagrande, 20 anos, fala à Rolling Stone Brasil sobre a surpresa de ter sido eleito o novo baterista do Sepultura
Recém-anunciado como o novo baterista do Sepultura, Eloy Casagrande já não é mais um desconhecido aos olhos do público. Seis anos se passaram desde que ele foi revelado como um prodígio das baquetas, aos 14 anos, no concurso Undiscovered Drummer Contest, da revista norte-americana Modern Drummer. O solo de bateria de cinco minutos repercutiu no mundo pelo YouTube com mais de 200 mil exibições, tornando Casagrande uma das grandes promessas do heavy metal nacional. E, desde o último domingo, 13, o substituto de Jean Dolabella nas baquetas do Sepultura.
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“Era um lance que eu não esperava acontecer”, admite o músico do ABC paulista. Hoje, aos 20 anos, Casagrande já foi baterista do ex-vocalista do Angra, André Matos, e tocou com a banda de hardcore Gloria, com quem gravou um disco. “A Monika [Cavalera, empresária do Sepultura e ex-mulher de Iggor Cavalera, ex-baterista da banda] me ligou do nada e fez esse convite. Eu fiquei bem em choque, ela me falou que os caras da banda tinham pensado no meu nome e perguntaram se eu gostaria de fazer um som com eles, só pra ver o que rolava.”
Fã do Sepultura desde a infância, Eloy deixa transparecer que realizou um sonho: tocar com seus ídolos. “A primeira vez que eu saí com os caras, só de ver o Andreas [Kisser, guitarrista] na sua frente... rola um desespero no primeiro instante! [risos]”, revela Casagrande. “Mas depois você vai se enturmando, demora um tempo até se encaixar ali.”
O entrosamento, aliás, parece estar vindo rápido. Nesta quarta, 16, aconteceu o quarto ensaio do Sepultura com Casagrande na bateria. “Estamos preparando o set list para uma turnê na Europa. Serão 23 shows baseados em músicas antigas dos discos Beneath the Remains (1989), Arise (1991) e Chaos A.D. (1993)”, conta Casagrande. “São só músicas do Iggor, não estamos tocando as da fase do Jean.”
Sobre a pressão de estar entrando na maior banda brasileira do heavy metal, Casagrande desconversa e diz que não existe nenhum temor. “Quando saiu a notícia, muita gente deu parabéns”, diz. “Tem, é claro, fãs antigos do Sepultura que sempre duvidam um pouco pelo fato de eu ser novo, daí ficam com receio. Mas acho que quando começarem a rolar os shows, a galera vai achar legal.”
Parte da nova geração do heavy metal brasileiro, Eloy crê que pode contribuir para uma nova sonoridade no Sepultura. “Cada músico tem suas qualidades e referências diversas”, reflete. “Eu escuto bastante essa praia nova do metal. Acho que posso trazer algo de mais moderno.” A modernidade, aliás, gerou uma polêmica na carreira de Eloy. Ao aceitar ser o baterista do Gloria, ele lidou com o preconceito da sua base de fãs oriunda do metal. “Eu acho que o Gloria faz um metal moderno. Depois que eu entrei e compusemos o novo disco [ainda inédito], que é bem pesado, rolou um respeito. E a galera viu a gente tocando no Rock in Rio, também. Talvez pela banda ser do escritório do Rick Bonadio [produtor musical], que é o mesmo do NX Zero, as pessoas generalizem."
Revendo sua carreira, Eloy Casagrande dá um conselho direto a quem quiser ter o mesmo sucesso que ele. “Nunca se acomodar”, dispara. “Nada vem fácil. Acho que, se você tem uma vontade, não tem como dar errado. Mas tem que ralar pra caramba.”
Levando em consideração que o set list que o Sepultura prepara para a primeira turnê de Eloy é baseado em discos que tinham Max e Iggor Cavalera na formação, ele conta se, como fã da formação original, teria vontade de ver a banda reunida novamente. “Para falar bem a real, é claro que o Iggor e o Max era muito foda”, diz Casagrande. “Sempre fui fã da época deles, mas acho que o Sepultura está em outra fase. Eles fizeram história, mas não tem mais esse lance. O Sepultura mudou.”
Veja o vídeo de Eloy no Undiscovered Drummer Contest: