Um Príncipe em Nova York 2 reflete sobre machismo e empoderamento feminino, mas peca no humor [REVIEW]

Eddie Murphy retorna ás telas como Akeem Joffer após 33 anos em produção disponível no Amazon Prime Video

Marina Sakai (sob supervisão de Yolanda Reis)

Eddie Murphy em Um Príncipe em Nova York 2 (Foto: Divulgação)
Eddie Murphy em Um Príncipe em Nova York 2 (Foto: Divulgação)

Um Príncipe em Nova York 2 alcança a principal intenção: provocar nostalgia ao mostrar a volta de Akeem (Eddie Murphy), agora rei de Zamunda, a Nova York 30 anos depois em busca do filho, Lavelle (Jermaine Fowler). Mas a expectativa de humor e o desenvolvimento dos personagens deixam a desejar – apesar de abordar questões importantes como racismo, machismo e privilégios de classe.

Por estar ambientado no século XXI, os assuntos discutidos no filme precisaram se atualizar. A sequência questiona preconceitos de raça, classe e gênero. No começo do longa, Lavelle participa de uma entrevista de emprego. É rejeitado pela família de onde veio e pelo fato de não ter pai. Lavelle, então, questiona o privilégio do homem branco quem o entrevista.

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O machismo em Zamunda também é evidente e geracional. Mulheres não podem governar, serem proprietárias ou ao menos ter opiniões próprias destacadas dos maridos. Meeka (KiKi Layne), filha mais velha de Akeem, preparou-se a vida inteira para assumir o trono, mas foi substituída pelo herdeiro novato.

A rivalidade feminina entre Lisa (Shari Headley) e Mary (Leslie Jones), mãe de Lavelle — as duas parceiras amorosas de Akeem —, poderia ter sido enfatizada e criado uma disputa desnecessária. Entretanto, tornam-se amigas sinceras e se divertem. Meeka e Lavelle, rivais pela disputa do trono, também constroem uma relação de cumplicidade e, ao final do filme, são quase irmãos.

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Nostalgia

Dois dos roteiristas são os mesmos de 1988. Por isso, o lado nostálgico está bastante presente. David Sheffield e Barry W. Blaustein reviveram a barbearia no Queens e a lanchonete McDowell’s realocada em Zamunda. Um ótimo fanservice. Randy Watson, um dos vários personagens de Eddie Murphy e bastante querido pelo público, também aparece.

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Filme de comédia?

O primeiro volume da franquia foi dirigido por John Landis, quem tinha uma noção de humor parecida com a de Eddie Murphy. A continuação não tem o mesmo apelo cômico e, quando tentou arrancar risadas honestas, com o caricato general Izzi (Wesley Snipes) ou com a circuncisão durante o processo de Lavelle até virar príncipe, não conseguiu.

Talvez faltou ao filme um pouco do humor típico dos anos 1980, tão presentes em Um Príncipe em Nova York. Existe a possibilidade de terem tirado as piadas bobas e esdrúxulas como uma tentativa de alinhar o conteúdo ao Século XXI – mas falharam em colocar algo mais inteligente. Quase soava como se nem queriam ser engraçados.

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Mais de três décadas depois, os personagens não aparentam ter mudado e parecem apenas terem se reunido para um revival. Sequências tardias muitas vezes não funcionam no cinema, especialmente se os personagens não sofreram desenvolvimento e continuam fazendo as mesmas piadas.

Um Príncipe em Nova York 2 foi lançado pela Amazon Studios no Prime Video no dia 5 de março deste ano.


Assista ao trailer de Um Príncipe em Nova York 2 :


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