Clássicos de Raulzito ganharam roupagem eletrônica em show que também contou com homenagem a Jair Rodrigues
“Raulzito na Jamaica”. Foi assim que o cantor, compositor e produtor baiano Lucas Santtana definiu o show que realizou em homenagem ao seu conterrâneo Raul Seixas no palco Rio Branco, na Virada Cultural, em São Paulo. Se a ideia daquele palco era cada artista tocar um disco considerado clássico, Lucas Santtana não seguiu esse modelo e foi além das canções de Gita (1974), tendo feito versões bastante particulares dos maiores sucessos de um dos mais amados nomes do rock brasileiro. Do disco mesmo, apenas a faixa-título.
Com cinco álbuns lançados, Lucas Santtana adaptou, e muito bem, as canções de Raul Seixas um clima praieiro e com muitos toques de psicodelia e música eletrônica, com direito a efeitos, reverbs e ecos. O resultado foi um show contagiante de um artista que se permitiu mais uma vez a ousadia. Com óculos, casaquinho azul piscina, sobreposto a uma blusa cinza, e calça jeans, o cantor foi acompanhado por guitarrista, baterista e tecladista, e animou com os sucessos “Al Capone”, “Cowboy Fora da Lei”, “Aluga-se”, “Como Vovó Já Dizia”, “Mosca na Sopa” (com direito a citação de “Exército do Surf”, sucesso da Jovem Guarda), “A Maçã”, “Carimbador Maluco” e “Metamorfose Ambulante”, tocados em cerca de uma hora.
Por pura galhofa, a plateia não deixou de gritar em alguns momentos, entre uma música e outra: “Toca Raul!”; e escutou Lucas Santtana, em troca, brincar: “Ninguém acendeu um cigarro aí? Tá com vergonha porque é de dia?”. Claro que se alguns cigarros de maconha já circulavam livremente, bastou o comentário para que mais fossem imediatamente acesos. O cantor também pediu para as pessoas cantarem com ele “Ouro de Tolo”, pois “a letra é muito grande, cheia de palavras”. E, antes de “As Profecias”, que encerrou o show, comentou que “essa letra é bonita pra caralho”, no que, prontamente, um rapaz na frente da reportagem questionou: “E qual não é?”. A festa terminou com todos irmanados e um tanto inebriados pela fumaça, fazendo saudações a Jair Rodrigues, morto em 8 de maio, após uma citação de “Deixa isso pra lá”.