Rapper fez aquecimento para a atração mais aguardada do palco Júlio Prestes, os Racionais MC's
Durante cerca de uma hora, o pontual rapper paulistano Criolo, vestido com uma bata bege africana, provocou uma verdadeira catarse no palco da Praça Júlio Prestes. Além das canções de ácidas críticas sociais e músicas e com ritmos e influências variados, também não faltaram palavras de ordem e uma intensa confraternização entre um artista bastante carismático e um público imenso e contagiado. Houve também várias homenagens ao rapper Sabotage, cujo assassinato completou 10 anos em janeiro, fosse nos dizeres do artista ou por meio na estampa de uma camiseta usada por DJ Dan Dan, que ajuda Criolo nas rimas.
Com o público chacoalhando as mãos e pulando sem parar, alguns sucessos foram entoados como verdadeiros hinos, caso de "Não Existe Amor em SP", "Mariô", "Subirusdoistiozin", "Sucrilhos" e "Tô Pra Vê". Também estavam no repertório o dançante reggae "Samba Sambei", a jazzística "Bogotá" e o bolero com ares bregas "Freguês da Meia-Noite". Todos apresentados com muita energia pelos músicos Daniel Ganjaman (produtor e tecladista), Marcelo Cabral (baixo elétrico e acústico), Guilherme Held (guitarra), Mauricio Badé (percussão), Thiago França (sax tenor e flauta) e Sérgio Machado (bateria).
Além de ter deixado o público pronto para um dos shows mais aguardados da Virada Cultural, o dos Racionais MC’s, Criolo demonstrou como mantém um diálogo bastante intenso com a classe trabalhadora dos bairros mais afastados do centro da capital paulista, que se espremem diariamente nos trens e metrôs em direção ao trabalho e que não sentem ter seus direitos respeitados. É como se cada um deles pudessem se sentir, de algum modo, representado por Criolo, um artista de carisma e força performática invejáveis. Ele dança, se movimenta, gesticula, exala energia por todos os poros e aparece sempre compenetrado, forte e sentido.