Eumir Deodato e banda deram uma aula de música nas primeiras horas deste domingo, 17
A 1h da manhã deste domingo, 17, rapidamente um público de três mil pessoas se transformou em estimados dez mil espectadores. E era audível o burburinho à espera da próxima atração. Tranquilo, andando pra lá e pra cá com as partituras debaixo do braço, Eumir Deodato aguardava o povo da técnica se ralar para botar tudo em ordem no palco. E nem o som do piano ele passou. Alguém fez isso por ele. Afinal, é uma estrela de primeira grandeza. Vale refrescar a memória e situar Deodato na história da música mundial: ele participou ativamente da bossa nova e se radicou nos Estados Unidos desde os anos 60, trabalhando especialmente como arranjador para dezenas de cantores brasileiros e internacionais. Sua música mistura todas as vertentes do jazz e bossa, passando por rock, pop, R&B, funk e arranjos para orquestra. Um de seus mais conhecidos trabalhos é a versão do tema "Assim Falava Zaratustra" ("Also Sprach Zarathustra") de Richard Strauss, também conhecida como "2001".
Especialmente para este show, Deodato montou uma competente banda de oito músicos brasileiros que vale ser mencionada pela excelência: José Canto (sax barítono e flauta), Marcelo Martins (sax alto), Jessé Sadoc (trompete), Aldivas Aires (trombone), Leonardo Reis (percussão), João Castilho (guitarra), Renato Massa (bateria) e Marcelo Mariano (baixo).
O set list foi composto de nove temas, iniciando com a esperada "2001", mas que, por razões não explicadas, terminou num anticlímax. Brincando e aparentemente perdido com as partituras em cada tema, Deodato as procuravas na pasta e as colocava na estante. Uma vez acertada a ordem das coisas, o que vinha era um som de beleza indescritível. Necessário informar que, a exceção da cozinha, todos os naipes eram tocados com partituras - talvez pelo pouco tempo que tiveram para ensaiar, mas nada saiu errado. Ao final de cada música, com os músicos ainda tocando, Deodato se levantava do piano e regia a banda. Difícil é destacar uma performance individual, mas a excelência da guitarra de João Castilho, o único que teve a oportunidade de improvisar, foi, aparentemente, a que mais agradou ao público, que assistiu a tudo embasbacado.
Um dos pontos altos da apresentação foi "Rhapsody in Blue", de George Gershwin, que combina perfeitamente elementos do clássico e do jazz. O tempo de uma hora parece ter sido pouco para o show - e, ao final, Deodato foi generoso e topou transgredir o tempo estabelecido. O bis, talvez já programado, foi a execução completa de "2001" (no set list com o nome de "2001 Finale"). Um show para não esquecer tão cedo.