Problemas técnicos e receptividade do público marcam shows das cantoras no evento paulistano
Os trabalhos do palco XV de Novembro, localizado em meio a um paredão de prédios do centro financeiro paulistano, foram iniciados às 18 horas deste sábado, 16, por duas cantoras da nova safra da música brasileira que acabaram de colocar na rua seus segundos discos.
A primeira a pisar a sapatilha foi a paulistana Tiê, que baseou o repertório da apresentação no excelente disco A Coruja e o Coração, cuja repercussão positiva atraiu quase 1200 pessoas ávidas para ouvir sua voz suave. A cantora abriu com "Na Varanda da Liz" e, quando estava encerrando a canção, foi surpreendida com um apagão geral no sistema de som. Solidário ao desespero de Tiê e banda, o público não só teve paciência como surpreendentemente cantou o coro final, sendo recompensado com a repetição integral da faixa.
O problema técnico não foi completamente resolvido - um chiado constante ressonava das caixas de som e vários estalos davam a sensação de que tudo poderia vir abaixo novamente a qualquer momento -, mas Tiê soube contornar a situação constrangedora com carisma, conversando alegremente com a plateia entre as músicas e muitas vezes fazendo piada, como quando o piano teimou em não funcionar antes de iniciar "Perto e Distante". Pela compreensão de todos, a cantora acatou os pedidos incessantes e terminou sua participação na Virada Cultural com o hit "Chá Verde", que foi acompanhado do início ao fim por um coro de milhares de vozes mais que satisfeitas.
Com um atraso de aproximadamente 20 minutos provocado pela tentativa de corrigir os problemas técnicos, a curitibana Thaís Gulin tomou posição para defender as canções de seu recém lançado álbum ôÔÔôôÔôÔ. Dona de uma voz firme e abusando da sensualidade na performance, potencializada por uma blusa listrada que deixava os ombros expostos e uma saia jeans rodada curta que às vezes ameaçava mostrar mais do que o permitido em público, Thaís foi cativando a plateia gradualmente com suas canções que interseccionam tango, samba, rock e a diversidade da tropicália.
A conquista definitiva aconteceu quando a cantora perguntou ao público pra qual direção ficava a Rua Augusta e as Avenidas Angélica e Consolação. Em seguida, apresentou uma bem sacada versão da famosa "Augusta, Angélica e Consolação", de Tom Zé. Depois dessa, a moça surfou tranquilamente na onda de simpatia até o fim da apresentação.