Banda optou por priorizar as letras mais politizadas de seu repertório e acertou em cheio
Comemorando 30 anos de carreira, o Titãs está em clima de retrospectiva. A banda levou à Virada Cultural o show do disco de 13 canções Cabeça Dinossauro, no qual tem apresentado na íntegra o clássico álbum de 1986, que é o terceiro da carreira do grupo e foi eleito o 19º melhor disco nacional de todos os tempos pela Rolling Stone Brasil.
A estrutura ficou assim: o público ansioso que lotava o palco São João primeiro viu a execução na íntegra e na ordem do álbum. O elemento surpresa não fez falta, simplesmente. As pessoas se divertiram bastante ao som das faixas clássicas do disco como a que dá nome a ele, “AA UU”, “Polícia”, “Bichos Escrotos”, o reggae “Família” e a que talvez seja a mais bem-sucedida de todas, “Homem Primata”.
Depois de 40 minutos, o show ainda estava curto (no fim, teria quase uma hora e meia). Então, veio a segunda metade: mais 13 faixas, sendo que elas compreenderam momentos diferentes da carreira do Titãs, com uma ênfase nos trabalhos antigos. Embora não exclusivamente, os integrantes optaram por privilegiar um repertório com letras mais engajadas, fazendo críticas a políticos e a instituições como a polícia em um evento em que as ações do poder público ficam sob o microscópio. Dentre as escolhidas estiveram “A Verdadeira Mary Poppins”, "Nem Sempre se Pode ser Deus", "Será que é Isso o que Eu Necessito?" (essas do disco de 1993 Titanomaquia), "Diversão", de Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas, "Televisão", do trabalho de mesmo nome, “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana”, “Vossa Excelência”, o cover de Raul Seixas “Aluga-se”, “O Pulso”, e “Flores”, que encerrou a performance ( estas duas do disco Õ Blésq Blom).
Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Bellotto e Mário Fabre estavam se divertindo no palco. Bebendo champagne, brincaram (ou falaram séria e modestamente) que esse é um show para mostrar que o Titãs não é banda de uma música só. Aproveitaram a multidão para mostrar uma canção que não foi gravada (“e nem sabemos se será”), “Fala Renata”.