Premiação teve performances engajadas e programação voltada ao hip-hop
O grande nome do VMB 2012 veio do Pará. Gaby Amarantos atravessou as ruas de terra do bairro Jurunas, conquistou o sudeste e, na noite desta quinta, 20, dominou a premiação da MTV com três troféus (Melhor Artista Feminina, Melhor Capa de Álbum e Artista do Ano).
Dez melhores (ou mais constrangedores) momentos do VMB.
E a cor e alegria de Gaby dividiram espaço com o protesto e o engajamento do rap. Nesta edição, criada a partir da ideia da arte de rua, com skatistas percorrendo uma pista criada entre os palcos e atrações peso-pesado da cena hip-hop para abertura e fechamento (Planet Hemp e Racionais MC's), o VMB ofereceu uma heterogeneidade interessante.
A mudança drástica no prêmio se deu já no ano passado, quando a emissora decidiu tirar das mãos do público o poder de escolha da maioria dos vencedores, criando um júri especializado formado por jornalistas, críticos, músicos e produtores.
Nesse contexto, o happy rock perdeu espaço. O Restart, grande campeão da edição de 2010, já recebeu vaias no ano passado e, nesta edição, não foi diferente – a cândida, no sentido figurado, foi jogada na calça dos coloridos (que já nem se vestem de forma tão colorida assim). Os meninos até levaram um prêmio, de Hit do Ano, cuja votação se deu por meio da escolha do público. E a plateia, que pendia para o hip-hop, vaiou como nunca. Desta vez, os comportados garotos responderam: “Viemos sem incomodar ninguém. Vocês são livres para ouvir o que quiserem”, disse Pe Lanza. “Gostaria de agradecer aos nossos fãs, que votaram muito na gente”, completou Pe Lu.
Em outra categoria que teve votação do público, de Melhor Artista Internacional, vencida pela boy band One Direction, também houve reprovação dos presentes. Sobrou até para as integrantes do fã-clube que subiram no palco para receber o prêmio.
Com a ênfase no hip-hop e na cultura paraense, o VMB deste ano foi marcado pelo discurso politizado. O rapper Emicida, que no ano passado ganhou dois prêmios, desta vez só levou um dos cinco troféus que disputava, o de Melhor Música, com “Dedo na Ferida”. Estatueta merecidamente divida com Wado e seu hit indie fofo “Com a Ponta dos Dedos”. Mas o rapper paulistano aproveitou, mesmo, foi a oportunidade de citar a ação da polícia militar na Favela do Moinho e, depois, de subir ao palco para sua participação musical. Estando lá, não desgrudou da bandeira vermelha do MST (Movimento Sem Terra).
Criolo, grande destaque de 2011 com três prêmios, ficou apenas com o cachorro dourado de Melhor Artista Masculino, e também fez valer sua vez ao microfone para pedir maior cuidado das autoridades com a situação da população que vive nas favelas. “Gostaria de oferecer esse prêmio às autoridades do país. Foram mais de 30 incêndios em favelas de São Paulo. Obrigado, autoridades públicas, tenho certeza de que vocês irão apurar isso aí”, completou Criolo, destilando a ironia tão comum em suas composições.
Outro destaque foi Bnegão e os Seletores de Frequência, que merecidamente levou o prêmio de Melhor Disco com Sintoniza Lá. O início do VMB já apontava para essa direção, com uma apresentação curta e cheia de sucessos do Planet Hemp. E o fim, apoteótico, veio com o Racionais Mc's, que ainda levou prêmio na categoria Clipe do Ano com “Mil Faces De Um Homem Leal (Marighella)”.
Projota e ConeCrew Diretoria também tiveram seus números musicais e levantaram o público, mas nada chegou perto da apresentação caliente do Bonde do Rolê com Karol Conká, apresentando, juntos, “Brazilian Boys”, recém-lançada pelo Bonde. O show, embora tenha sido o mais animado, foi o pior em qualidade técnica.
Engajado, o VMB estampou a cara de Gaby para o Brasil. “Eu tenho celulite, e daí?”, disse a cantora paraense, que aproveitou o discurso para exaltar a “música popular do Pará”. E, na noite do hi-hop, das expressões sisudas, ficou a imagem das plumas da cor verde da roupa de Gaby. A música ganhou uma nova capital: Belém, no Pará.
Veja abaixo a lista de categorias e os indicados. Os vencedores estão destacados em negrito.
Clipe do Ano
Fresno – “Infinito” (dir. Daniel Ferro)
ConeCrewDiretoria – “Chama os Mulekes” (dir. Toddy Ivon)
Edi Rock part. Seu Jorge – “That's My Way” (dir. Rabu Gonzales)
Gaby Amarantos – “Xirley” (dir. Priscilla Brasil)
Vanguart – “Mi Vida Eres Tu” (dir. Ricardo Spencer)
Racionais MC's – “Mil Faces De Um Homem Leal (Marighella)” (dir. Daniel Grinspum)
Emicida – “Zica, Vai Lá” (dir. Fred Ouro Preto)
Mallu Magalhães – “Velha e Louca” (dir. Paulo Granda)
Criolo – “Mariô” (dir. Del Reginato)
Garotas Suecas – “Não Se Perca Por Aí” (dir. Arthur Warren/Gustavo Suzuki)
Artista do Ano
Rita Lee
Emicida
Agridoce
Vanguart
Gaby Amarantos
Melhor Artista Masculino
Projota
Dinho Ouro Preto
Emicida
Criolo
Lenine
Melhor Artista Feminino
Maria Gadú
Mallu Magalhães
Gal Costa
Rita Lee
Gaby Amarantos
Melhor Música
Vivendo do Ócio – “Nostalgia” (Jajá Cardoso/David Bori/Luca Bori/Dieguito Reis/Pablo Dominguez)
Emicida – “Dedo na Ferida” (Emicida)
Rita Lee – “Reza” (Rita Lee/Roberto de Carvalho)
Vanguart – “Mi Vida Eres Tu” (Helio Flanders/Reginaldo Lincoln)
Wado – “Com a Ponta dos Dedos” (Wado/Glauber Xavier)
Melhor Disco
Vivendo do Ócio - O Pensamento é um Imã
Vanguart - Boa Parte de Mim Vai Embora
Cascadura - Aleluia
Agridoce - Agridoce
BNegão & Seletores de Frequência - Sintoniza Lá
Melhor Banda
ConeCrewDiretoria
Restart
Forfun
Gloria
Vanguart
Revelação
Rancore
Projota
ConeCrewDiretoria
Melhor Capa
Autoramas - Música Crocante (arte: 45 Jujubas)
Zeca Baleiro - O Disco do Ano (arte: Gilson Braga/Marcos Hermes)
Vanguart - Boa Parte de Mim Vai Embora (arte: LuOrvat Design/Vinicius Mania)
Agridoce - Agridoce (arte: Rogério Fires/Otávio Sousa)
Gaby Amarantos - Treme (arte: Greenvision/Gotazkaen)
Aposta
RAPadura Xique Chico
Soulstripper
O Terno
Lemoskine
Selvagens à Procura de Lei
Artista Internacional
One Direction
Jay Z & Kanye West
Katy Perry
Lana Del Rey
Maroon 5
Nicki Minaj
Rihanna
Justin Bieber
Taylor Swift
Demi Lovato
Hit do ano
Restart – “Menina Estranha”
Agridoce – “Dançando”
ConeCrewDiretoria – “Chama os Mulekes”
CW7 – “Tudo Que Eu Sinto”
Emicida – “Zica, Vai Lá”
Forfun – “Largo dos Leões”
O Teatro Mágico – “Nosso Pequeno Castelo”
Projota – “Desci a Ladeira / Pode se Envolver”
Rashid – “Quero Ver Segurar”
Strike – “Fluxo Perfeito”