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Vocalista do Ecos Falsos fala sobre o fim da banda

"São as complicações da vida adulta", diz Gustavo Martins; separação do grupo foi anunciada oficialmente na última quarta, 13

Por Bruno Raphael Publicado em 14/07/2011, às 16h48

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Gustavo Martins anunciou o fim do Ecos Falsos na última quarta, 13 - Divulgação/Site Oficial
Gustavo Martins anunciou o fim do Ecos Falsos na última quarta, 13 - Divulgação/Site Oficial

"A nossa musa talvez tenha se revoltado com a nossa própria falta de devoção. Agora, temos de procurar ela em outro lugar." Foi com esses termos que Gustavo Martins, (agora ex) vocalista e guitarrista do Ecos Falsos, definiu o fim da banda, anunciado oficialmente na última quarta-feira, 13, pelo site oficial do grupo. Aliás, é possível que muitos trechos de "A Revolta da Musa", canção do Ecos Falsos composta em parceria com Tom Zé para o disco Descartável Longa Vida (2007), definam melhor o que culminou no encerramento do grupo.

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Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Gustavo soa desiludido com a cena musical independente atual. Para ele, o público está saturado das pretensões artísticas das bandas. "Com essa coisa de divulgar a cena, a música ficou em segundo plano. Um exemplo é o sucesso que fez aquela música da Banda Mais Bonita da Cidade ["Oração"]. Não é que seja maravilhosa, mas o que fizeram foi suficiente pra atingir o público, sabe? As bandas têm que se preocupar mais com o que estão produzindo, do que na divulgação em si."

Sobre os motivos de o grupo ter se separado, o músico desabafa que a rotina foi um empecilho cada vez mais forte. Empregos, bloqueio criativo e a fraca produção dos shows da banda culminaram na decisão do fim do Ecos Falsos, assim como a do Superguidis, no mês passado (saiba mais aqui). "São as complicações da vida adulta. Em linhas gerais, [o fim do Superguidis] tem a ver com nossa situação também. Cada um tinha emprego próprio para manter a banda. A nossa idade, perto dos 30, também começou a pesar demais."

Se dizendo descrente da cena atual, ele acha que não há vontade de popularizar a música independente nacional. "Falta essa pretensão de não ser só indie, de fazer uma coisa boa mesmo [risos]. Querem ter muita referência, postura professoral e falta vontade de fazer um pop de qualidade", afirma. Ele crê que, em parte, o Ecos Falsos contribuiu para a desvalorização da cena. "O fato da gente não se levar a sério talvez tenha contribuído. Aquelas turnês pequenas que fazíamos pelo Brasil, depois se organizaram e viraram a Fora do Eixo, sabe? Mas não sei se eles acham que a gente ajudou nisso."

Uma dica para quem se inspirou no Ecos Falsos? "Não sei se eu ia querer uma dica ou recado de uma banda que está acabando, mas eu diria que, se você tem disponibilidade e tem vontade de viver com música, hoje é uma época muito melhor pra se arriscar. Na pior das hipóteses você vai viajar e conhecer um monte de gente legal", pondera Gustavo.

Por enquanto, o Ecos Falsos ainda mantém uma pequena chama viva. A última apresentação da banda será gratuita e ocorrerá no dia 10 de setembro na Livraria Cultura do Shopping Market Place. O local tem disponibilidade para apenas 99 pessoas, então a promessa é de casa lotada. Depois disso, só o amigo Inibié - aquele da música "O Bom Amigo Inibié" - sabem quando o grupo subirá ao palco novamente (segundo Gustavo, há a possibilidade de que haja uma apresentação no Centro Cultural de São Paulo).

Para mais detalhes sobre o fim do Ecos Falsos, leia o texto de Gustavo Martins, (clicando aqui).