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“Wando foi uma das pessoas mais profissionais que conheci", diz documentarista

Ana Rieper dirigiu o filme Vou Rifar Meu Coração, do qual o cantor participou

Murilo Basso Publicado em 08/02/2012, às 18h56

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Wando - Divulgação
Wando - Divulgação

Wanderley Alves dos Reis nasceu em 2 de outubro de 1945, no município de Cajuri, Minas Gerais. Em seguida, foi para Volta Redonda (RJ), trabalhou como feirante e passou a se interessar por música. Após abandonar a profissão, mudou-se para Congonhas (MG), passando a integrar um conjunto chamado Escaravelhos. Cinco anos depois, decidiu arriscar: passou pelo Rio de Janeiro antes de chegar a São Paulo e ter seus primeiros sucessos, “O Importante é ser Fevereiro” e “Se Deus Quiser”, gravados na voz de Jair Rodrigues. Mais tarde ficou conhecido como Wando, graças às suas composições de teor romântico com boas doses de erotismo (como é sabido, a marca registrada dele eram as calcinhas que ganhava das fãs). O cantor morreu nesta quarta, 8, depois de sofrer uma parada cardíaca.

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Wando é um dos personagens de Vou Rifar Meu Coração, da carioca Ana Rieper, que retrata o imaginário romântico – e brega – do Brasil O documentário deve estrear em circuito nacional nos próximos meses e parte dos principais nomes da música popular para fazer uma espécie de recorte sobre o gênero no país. “Wando foi uma das pessoas mais profissionais que conheci, tinha real noção de sua importância. Muitos artistas têm certas reticências em definir sua música como ‘brega’, mas ele sabia lidar com essa relação”, conta a diretora.

Ana acredita que, de uma forma geral, o brasileiro pode ser representado pela figura do cantor mineiro: somos bregas em nossa essência, embora tenhamos dificuldades em aceitar. “É preciso reconhecer a importância de artistas como o Wando e a qualidade de suas canções. Se você ouvir com atenção, perceberá que tratam de um universo profundo, são muito inspiradas”, acredita Rita.

Para Ana, artistas do gênero sempre foram massacrados pela crítica por falarem uma linguagem extremamente popular. No entanto, essa visão vem, aos poucos, sendo contornada. “É uma herança de um tempo em que o politicamente correto ditava as regras de uma forma um pouco cega, como se o popular só tivesse valor se fosse rural ou pequeno”, afirma a cineasta. “Se faz muito sucesso, se está na mídia, no rádio e se comunica com as massas, não tem valor. É um preconceito que está sendo quebrado gradativamente graças a artistas como o Wando.”

A documentarista explica que não há como substituir artistas como o cantor – o marketing de Wando eram as próprias canções, e a obra permanecerá no cenário musical mesmo após sua morte. “Soa triste, mas é algo de que não temos como fugir. Nelson Cavaquinho sempre dizia: ‘Me dê as flores em vida’. Quando o artista morre se torna genial, mas na verdade ele viveu sua obra, teve suas conquistas e não viveu pra ser aclamado. A morte do Wando vai chamar a atenção para o gênero e principalmente para a obra dele”, encerra Ana Rieper.

Assista abaixo ao trailer de Vou Rifar Meu Coração:

vou rifar meu coração from Raquel Couto on Vimeo.