Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Wyclef Jean admite que sua ONG "cometeu erros"

Após denúncias de corrupção, Wyclef Jean, nascido no Haiti, confessa má administração da Yele Haiti Foundation, mas nega ter se beneficiado pessoalmente; "eu sou aquele que estava carregando corpos na rua", disse sobre sua conduta pós-terremoto no país

Da redação Publicado em 19/01/2010, às 12h45

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail

Wyclef Jean voltou atrás e admitiu que sua Yele Haiti Foundation, dedicada à melhoria das condições de vida no Haiti, abalado por forte terremoto há uma semana, "cometeu erros". Ex-integrante do Fugees, Jean foi acusado de corrupção, como o uso em benefício próprio de doações - denúncia que o músico, nascido no país da América Central, havia rechaçado.

Em conferência em Nova York, segundo agências de notícia internacionais, Jean confessou a má administração de recursos doados à sua fundação. Ele insistiu, no entanto, que não foi pessoalmente beneficiado com os desvios.

A ONG ganhou visibilidade nos últimos dias, após o terremoto que destruiu parte da capital do Haiti, Porto Príncipe, e afetou regiões próximas. Por meio de torpedos no celular, a Yele Haiti Foundation arrecadou mais de US$ 2 milhões, de acordo com o jornal britânico The Guardian, e irá receber, ainda, dinheiro levantado por maratona televisiva a ser pilotada por George Clooney e Wyclef Jean, com Bono, Sting e Justin Timberlake entre os possíveis shows.

A fundação virou foco de desconfiança após reportagem do site Smoking Gun. Nela, afirmou-se que, nos últimos quatro anos, US$ 410 mil doados à instituição foram usados por Jean e seu sócio para pagar cachê, aluguel e serviços em um show beneficente em 2006 (até o final do ano passado, Yele Haiti era conhecida como Wyclef Jean Foundation). Além disso, de US$ 1 milhão doado por Angelina Jolie e Brad Pitt, mais de um terço teria sido gasto com festas relacionadas ao nome do cantor e de outros sócios. Wyclef Jean rebateu essas acusações, alegando que sua ONG tem "conta limpa", organizada por "auditor externo".

O tom mudou. "Como ONG jovem, se cometemos erros?", Jean disse na conferência em NY, realizada na segunda, 18. "Sim. Se eu usei o dinheiro da Yele para benefícios pessoais? Absolutamente não."

Jean lembrou, ainda, que fundou a organização com capital próprio. "Queria ter certeza de que a Yele não seria apenas uma fundação, mas que podia ser de fato uma ONG com base no Haiti, porque essa é a única forma efetiva de ajudar o povo haitiano."

O presidente da Yele, Hugh Locke, se disse arrependido de algumas falhas, como o atraso em impostos. O dinheiro que a instituição teria gasto para o show beneficente de 2006, garantiu, foi exclusivamente gasto em custos de produção - nada foi para o bolso do ex-parceiro de Lauryn Hill nos Fugees. Locke alegou, ainda, que deveria ter insistido para que o concerto fosse 100% patrocinado por apoiadores externos, sem precisar tirar do orçamento da Yele. Pagamentos a companhias ligadas à fundação, por exemplo, "não foram feitos com outras intenções que não ser eficiente", disse.

Jean chegou ao Haiti horas após o abalo sísmico. "Eu sou aquele que estava carregando corpos na rua. Eu sou aquele que carregou garotinhas para o necrotério. E quando eles disseram, 'não há espaço'... Nós carregamos os corpos para o cemitério", disse.