Stephen King criou um vilão aterrorizante para os X-Men, mas o personagem foi esquecido

O autor criou e escreveu a primeira aparição do Hungry

Redação

Publicado em 10/09/2019, às 15h26
Hungry, o vilão criado por Stephen King (Foto: Montagem - Reprodução Marvel Comics/ AP - Mark Lennihan)
Hungry, o vilão criado por Stephen King (Foto: Montagem - Reprodução Marvel Comics/ AP - Mark Lennihan)

Um dos maiores escritores vivos, Stephen King sempre teve alguma parcela de envolvimento em outra esfera da literatura: os quadrinhos. Trabalhou em HQs como Vampiro Americano (que começou a ser publicada em 2010) e a graphic novel Creepshow (1982), que homenageia quadrinhos de terror clássicos como Contos da Cripta (anos 1950).

Com todo esse envolvimento em mente, o autor até chegou a criar um vilão para as páginas dos quadrinhos, em 1985, na série especial de caridade chamada Heroes for Hope Starring the X-Men (em tradução livre: heróis pela esperança estrelando os X-Men).

Apesar de ter escrito apenas uma cena de três páginas para a revista, King e Bernie Wrightson fizeram uma introdução aterrorizante para Hungry (Faminto, em tradução livre), um vilão dos mutantes que após Heroes for Hope foi quase esquecido.


Arte: Marvel Comics

Na primeira cena em que aparece, vemos Kitty Pryde, a Lince Negra, presa em ilusões causadas pelo vilão. A heroína começa a definhar enquanto caminha em direção à geladeira da Mansão X, uma alusão à passagem pelos diferentes estágios de inanição.

Enquanto Kitty começa a literalmente se desfazer de fome, uma figura encapuzada aparece e oferece a ela um suculento prato de filé com uma espiga de milho, que apodrecem logo quando a mutante toca nele. Enquanto a Lince Negra definha até parecer um esqueleto, o vilão se apresenta como Hungry, e desaparece.


Arte: Marvel Comics

O motivo da criação do vilão dá ainda mais peso a essa cena macabra. Após a Etiópia ser varrida pela fome no início dos anos 1980, diversos artistas da época fizeram atos de caridade em prol do país. Os concertos Live Aid e a música “We Are the World”, de Michael Jackson em colaboração com diversos outros, são exemplos desse movimento.

Heroes for Hope foi também uma iniciativa de caridade no mundo das HQs, que trouxe diversos nomes de peso dessa indústria e da literatura, como Chris Claremont, o maior escritor das histórias dos X-Men, StanLee, AlanMoore (de Watchmen) e George R.R. Martin.

No decorrer da revista, o Hungry se revela como um antigo mutante (ou entidade mística, a questão é deixada em aberto) que cria ilusões e se alimenta de emoções negativas (qualquer semelhança com o Pennywise, de It: A Coisa, não é mera coincidência). O vilão voltou muito mais poderoso devido ao desespero causado pela fome e possuiu a Vampira, para se alimentar dos poderes dos X-Men.

Eventualmente os heróis vencem Hungry e o vilão some, mas esse não é o foco da história. Em várias cenas (até durante a luta contra o antagonista), os X-Men são vistos entregando itens de caridade a pessoas necessitadas. Mesmo abalados, no final da história os mutantes falam sobre o valor da esperança ao encarar o desespero.

Ainda mais uma similaridade 1a obra de StephenKing, o Hungry não é completamente derrotado no final. Ele some, mas Kitty Pryde diz que ainda sente sua presença, na espera de mais desespero no mundo para poder tomar forma novamente.