Exposição em Nova York terá vestes usadas pelo ex-Beatle no dia de seu assassinato
Uma sacola de plástico transparente. Dentro dela, as roupas que John Lennon usou em 8 de dezembro de 1980 - data em que foi assassinado por Mark Chapman à porta de seu edifício, o Dakota, após voltar do estúdio Record Plant, em Nova York. Os trajes ensanguentados, além de um piano do ex-Beatle e letras de música escritas a mão, integrarão a exposição John Lennon: The New York City Years, sob curadoria de Jim Henke e aberta na segunda, 11, no museu The Rock & Roll Hall of Fame Annex, em NYC. Na curadoria da instalação especial, a viúva e eterna figura controversa quando se trata dos Beatles, Yoko Ono. A sacola é do Hospital New York's St. Luke's-Roosevelt e foi entregue à artista dias após o crime.
Mais transparente é a posição de Ono a respeito de armas de fogo. Desde a morte do marido, a artista é uma das mais engajadas na luta por um maior controle do porte de armas. Quase um milhão de pessoas, afinal, foi vítima de armas de fogo desde aquele 8 de dezembro. "Era importante que as pessoas vejam, e entendam, o que a violência é", declarou.
Acostumada a ser alvo fácil de beatlemaníacos - muitos creditam à influência dela sobre Lennon o fim do quarteto, em 1970 -, a artista plástica contou em uma conferência, na abertura da exposição, que a matéria-prima da sua nova obra foi algo "difícil de incluir". Havia, sobretudo, o medo de "talvez ser criticada" pela opção. "Sei que é um triste e mordaz tipo de paradoxo. (...) Ele amou tanto este lugar, e terminou morto aqui", disse Ono, que recebeu as roupas após o assassinato do marido.
Também estão entre os itens exibidos guitarras, óculos, uma camiseta sem manga com os dizeres "New York City" (usada em uma foto icônica do músico) e insistentes cartas de Lennon para tentar obter o Green Card e fugir da deportação. O músico passou a maior parte dos anos 1970 em Nova York, ao lado de Ono. A exposição, dedicada a contar sobre a temporada do britânico na cidade, correrá até o final do ano.
Neste sábado, 16, uma igreja anglicana tocará a melodia de "Imagine", considerada "antirreligiosa" por Lennon, seu autor. Escrita em 1971, a música inspirou o Imagine Memorial, no Central Park, próximo ao edifício Dakota, onde o músico morava com Ono.