Segundo pesquisa da USP, resistência da união com PT é grande entre manifestantes contra Bolsonaro que foram aos atos na avenida Paulista em 12 de setembro
Os atos contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizados em 12 de setembro foram convocados por grupos de centro-direita e reuniram cerca de 6 mil pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo pesquisa da USP, 39% dos presentes são resistentes à união com o PT.
Conforme noticiado pelo Estadão, o lema “nem Lula nem Bolsonaro” norteou grande parte das manifestações realizadas ao redor do Brasil em 12 de setembro. A pesquisa do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, mostra que 85% dos manifestantes são favoráveis à criação de uma frente ampla contra Bolsonaro, mas 38% não iriam para rua com o PT.
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Dos entrevistados pela pesquisa, 37% disseram ser de esquerda ou centro-esquerda enquanto 34% de direita ou centro-direita. Devido à divisão entre movimentos de oposição a Bolsonaro, os atos não tiveram grande adesão.
Em entrevista ao Estadão, o professor da Universidade de São Paulo e um dos coordenadores da pesquisa, Paulo Pablo Ortellado, afirmou que 841 manifestantes, entre 13h e 17h30, foram entrevistados. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais e para menos.
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Segundo Ortellado, o levantamento representa um “paradoxo” que pode ser corrigido apenas com a superação de “ressentimentos” entre petistas e outros segmentos da direita. O professor explica que a inclusão do PT na frente contrária a Bolsonaro é essencial:
“Trata-se de um partido hegemônico na esquerda, sem ele, nenhuma proposta de frente ampla é suficientemente ampla. Embora a pesquisa tenha constatado esse nó na direita, ele também está acontecendo do lado da esquerda, que tem a mesma dificuldade de ir pra rua com lavajatistas,” afirmou.
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A pesquisa da USP também fez um levantamento de intenção de voto entre os que participaram da manifestação. Ciro Gomes (PDT), um dos presentes na Avenida Paulista teve a maior porcentagem (16%), depois o ex-presidente Lula (14%) e o ex-juiz Sérgio Moro (11%). Depois João Amoedo (Novo) e João Doria (PSDB), também presentes no ato, tiveram 8% e 7%, respectivamente. Outros 31% afirmaram não saber em quem votar nas eleições de 2022.