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Bolsonaro deve 'analisar' documento que classifica vacinas contra Covid-19 como 'produtos experimentais'

Segundo médica Maria Emília Gadelha, 241 profissionais assinam textos entregues a Bolsonaro que classificam vacinas como 'produtos experimentais injetáveis’; especialistas contestam

Redação Publicado em 04/08/2021, às 12h23

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Bolsonaro de máscara olha para o lado (Foto: Andre Coelho/Getty Images)
Bolsonaro de máscara olha para o lado (Foto: Andre Coelho/Getty Images)

A médica Maria Emília Gadelha Serra se encontrou com Jair Bolsonaro (sem partido) para entregar um documento sobre supostos “riscos” das vacinas contra covid-19 — e a profissional afirma que o presidente irá "analisar" o material. Especialistas apontam para a importância dos imunizantes para diminuir casos da doença no país.

O Globo teve acesso ao documento de 15 páginas entregue pela médica. Produzido por 241 profissionais da saúde, o material classifica as vacinas como “produtos experimentais injetáveis”.

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Em mensagem, Maria Emília Gadelha Serra explicou que o documento será analisado por Jair Bolsonaro. Conforme apuração do O Globo, o material está com técnicos do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Ministério da Saúde, mesmo que a pasta não confirme oficialmente.

“Entreguei ao presidente documento sobre os imunizantes e os riscos extremamente preocupantes da aplicação desses 'produtos experimentais' em grávidas, lactantes e crianças. Bolsonaro tomou conhecimento e disse que iria analisar,” afirmou a médica.

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Segundo a profissional de saúde, o documento inclui dados do VigiMed (sistema eletrônico que notifica eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos e vacinas). Ao longo das 15 páginas, o material afirma sobre “reações indesejadas” das vacinas, e se posiciona contrário ao projeto de “passaporte da imunidade” que pretende liberar acesso a eventos culturais e esportivos apenas aos imunizados.

Especialistas contestam

O documento assinado por 241 médicos vai contra a fala de diversos especialistas em relação à covid-19. Conforme divulgado pelo O Globo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) conta com 567.930 profissionais registrados — e muitos creditam à vacina um importante papel na batalha contra a pandemia.

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A farmacologista Soraya Smaili, coordenadora do centro "Sou Ciência" da Unifesp, afirma que as suspeitas levantadas nos documentos são equivocadas. As vacinas, segundo a profissional, passaram por fases pré-clinicas de testagem e avaliação até serem aprovadas pela Anvisa.

Via O Globo, Smaili explicou: “O maior furo desse documento é que (os signatários) começam dizendo que não pode ser aplicado um produto que seja experimental. Estes produtos não são experimentais. Eles passaram por testes e os testes são rigorosos. Quando temos qualquer produto farmacêutico, e a vacina é um insumo farmacêutico, ela passa por testes específicos antes de serem administrados em humanos. E, depois, mesmo em humanos há testes muito bem controlados.”

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A profissional continuou: “Estão desmerecendo todo o sistema de pesquisa da ciência e também as instituições de qualidade do nosso país. Isso é um absurdo completo. Não tem sentido o que estão falando de que é pesquisa experimental.”


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