Luiz Carlos e Dirlene Barros de Oliveira precisaram trocar de camisa para tomar vacina em quartel dos Bombeiros no Rio de Janeiro
Os professores Luiz Carlos e Dirlene Barros de Oliveira foram impedidos de tomar vacina contra Covid-19 em um quartel do Corpo de Bombeiros por vestirem camisetas contra Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo o G1, o casal de 61 anos precisou trocar de roupa para receber a segunda dose do imunizante.
Conforme relato de Luiz Carlos, enquanto estavam na fila do posto de vacinação, foram abordados por um militar que, por ordem do comando, disse que o casal não poderia ser imunizado com manifestações contra o governo Bolsonaro.
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Em entrevista ao jornal O Dia, Luiz Carlos relatou: "O soldado nos abordou com certo constrangimento e disse que o comando não está permitindo vacinar ninguém com camisas e cartazes com mensagens políticas. Ele foi muito educado e ofereceu um banheiro para que fosse feita a troca das camisas."
Conforme declaração do professor, ele colocou a camisa ao contrário enquanto Dirlene Barros de Oliveira retirou a camisa contra Bolsonaro e ficou com blusa neutra que estava por baixo.
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Segundo o G1, Luiz Carlos falou para o soldado que a atitude era ilegal. Contudo, segundo o professor, o militar afirmou que caso eles decidissem se vacinar com as camisas, o comandante da unidade poderia manter o soldado preso por até 30 dias:
O professor comentou sobre a situação: "É uma decisão autoritária, que não tem sustentação nenhuma. Eles avisaram que se alguém visse algum tipo de manifestação política no momento da vacinação, o soldado que estivesse ali poderia ser preso por até 30 dias. Todos falavam a mesma coisa e aparentavam ter muito medo."
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Além das camisetas terem sido banidas no momento da vacinação, o casal foi orientado para não tirar fotos com as vestimentas de protesto na calçada da unidade militar: “Um bombeiro que estava do lado de fora disse para que a gente tirasse a foto do outro lado da rua, porque ali também era área militar e daria problema para ele,” comentou.
Nas redes sociais, alguns perfis comentaram o caso. Um internauta no Twitter escreveu: "Cada dia a liberdade de expressão se corrói mais no Brasil."
Cada dia a liberdade de expressão se corrói mais no Brasil.
— Ghiri 🌹 (@LegGhiri) July 13, 2021
O caso envolvendo a mulher que bateu panela contra Bolsonaro e acabou presa e do casal que não pode se vacinar por usar camiseta em protesto são muito sintomáticos e iniciam processo de banalização da repressão.
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Em entrevista ao O Dia, o professor Luiz Carlos afirmou que vestiu outra camisa de protesto na primeira dose e não foi impedido de tomar vacina: "Mesmo quartel com as mesmas pessoas, não tivemos problemas. Como a aprovação do governo era boa, não teve problema nenhum. É muito sintomático o que está acontecendo. É uma tentativa de criar um tipo de censura das pessoas que querem se manifestar contra o que o governo ta fazendo".
O professor continuou: "Eu acho ruim é que fica misturando uma instituição de estado com uma questão política. No momento que o Governo Federal está bastante fragilizado, faz um procedimento para limitar e impedir a liberdade de expressão daqueles que se opõe, que é um direito nosso."
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informou, em nota, que repudia a atitude contra qualquer tipo de manifestação, desde que pacífica, no ato da vacinação. Segundo eles, os pontos de vacinação do Corpo de Bombeiros são de administração do Governo do Estado.
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