Estudo afirma que deputados evangélicos votam em peso em causas como voto impresso e demarcação de terras indígenas, defendidas por Bolsonaro
Deputados evangélicos votam em peso nas pautas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o voto impresso e para dificultar a demarcação de terras indígenas. O mapeamento foi feito pela plataforma Religião e Poder, parceria do Iser (Instituto de Estudos da Religião) com a empresa de mídia Gênero e Número.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, caso dependesse dos deputados evangélicos, diversas pautas de Bolsonaro teriam sido aprovadas no Congresso — e parte do motivo está relacionado a relação que o presidente estabeleceu com os religiosos.
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Em 2019, quando anunciou a intenção de indicar um ministro evangélico para o STF (Supremo Tribunal Federal), fortificou os laços com os parlamentares. A promessa foi cumprida dois anos depois, com a nomeação de André Mendonça, que espera a sabatina no Senado.
“Quantos tentam nos deixar de lado dizendo que o Estado é laico? O Estado é laico, mas nós somos cristãos. Ou, para plagiar a minha querida Damares [Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos], nós somos terrivelmente cristãos,” afirmou Bolsonaro anteriormente.
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O mapeamento analisou o posicionamento de 449 deputados que participaram da votação da PEC do voto impresso, arquivada após 229 deputados votarem a favor dela, 79 endossos a menos do que ela precisava.
Segundo a Folha de S. Paulo, do total de parlamentares, 319 deputados estão em pelo menos uma das três frentes parlamentares religiosas monitoradas: católica, evangélica e de defesa dos povos tradicionais de matriz africana. 191 são católicos, 80 evangélicos, 12 cristãos (sem especificar de qual linha), 4 espíritas, 1 espiritualista, 1 da União do Vegetal, 1 ateu, 1 agnóstico, 8 não identificados e 20 sem religião.
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Dos católicos, 100 se posicionaram contrários, e 90 defenderem o voto impresso - resta Lira, que não vota. Na parcela evangélica, a proporção muda: 8 ficaram contra, enquanto 72 apoiaram.
Magali Cunha, pesquisadora do Iser, explicou à Folha de S. Paulo o papel da religião nos poderes: "Como a religião tem um lugar importante na cultura brasileira, ela nunca esteve fora desta relação com a política. Afinal, o catolicismo chegou por aqui com os colonizadores e até hoje exerce uma influência nos espaços de poder. Porém, foi a ocupação de espaços por evangélicos a partir dos anos 1980, no Legislativo, no Executivo e, mais recentemente, no Judiciário, que levantou a atenção para esta discussão."
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Segundo a pesquisadora, o aumento da ocupação de espaços: "explode com o processo eleitoral de 2018, com as alianças religiosas em torno de Bolsonaro, que instrumentalizou, de forma inédita, a dimensão religiosa em uma campanha à Presidência".
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