A organização do festival dividiu a programação voltada para a produção musical contemporânea - principalmente negra - em dois palcos
É possível dizer que a edição de 2019 do Rock in Rio é a mais atrativa até o momento para os fãs de rap. Pela primeira vez na história do festival, o evento abriga um palco exclusivo - com a premissa de inclusão - para artistas da cultura do hip-hop ou que flertam com o gênero, intitulado de Espaço Favela -, um rapper com 34 músicas no Top 10 da Billboard como headlinear (o Drake), e um primeiro dia com o palco Sunset 100% tomado por atrações negras.
Mas uma coisa de cada vez. Quando o Espaço Favela foi anunciado como uma das novidades dessa edição do Rock in Rio, a ação foi alvo de críticas nas redes sociais. De um lado, a organização do evento, que ao montar uma representação cenográfica das regiões periféricas do Rio, definiu a iniciativa como uma oportunidade de mostrar a pluralidade e criatividade artística da população.
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Do outro, apontaram o risco da criação do espaço apresentar uma perspectiva fantasiosa das situações vividas nas comunidades do Rio, tendo em vista o crescimento exponencial de violência nessas regiões, além de causar a impressão de "segregação da cultura periférica".
Equivocado, desafiador ou inclusivo, o Espaço Favela vai acontecer e vai reunir o maior número de representantes da cultura do hip-hop do festival. Outro palco que destaca artistas de peso do gênero no grande evento é o Sunset.
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O primeiro dia, que começa nesta sexta, 27, por exemplo, receberá o baile black de um dos maiores do rap nacional, Mano Brown, com a participação de Bootsy Collins, lendário baixista, no palco Sunset.
O líder do Racionais MCs apresentará o repertório de Boogie Naipe, estudo solo do rapper sobre a black music brasileira, lançado em 2015.
Na sequência, e no mesmo palco, o trio formado por Karol Conká, Linn da Quebrada e Glória Groove será responsável por celebrar a diversidade e apresentar a faixa "Alavancô", colaboração feita pelas três artistas para a ocasião. Além disso, o disco Ambulante, de Conká, está no repertório.
No mesmo dia, o Espaço Favela recebe um belo time feminino com a girl band de rap, vinda da comunidade do Vidigal - e do grupo teatral Nós do Morro -, ABRONCA. Depois, a Cidade do Rock recebe a rapper de apenas 19 anos, Gabz.
Para encerrar o primeiro dia do festival, o Rock in Rio abre as alas do principal palco para Drake. Depois de muita espera, expectivas e rumores de cancelamento, o rapper canadense chega ao Brasil, pela primeira vez, para apresentar os raps radiofônicos do extenso repertório.
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No sábado, 28, o Espaço Favela apresenta Setor Bronx, uma mistura de rap e rock and roll e Batalhas de Slam, competição de rimas sobre temas atuais, com vários representantes do rap carioca.
No domingo, 29, o mesmo palco recebe um dos nomes mais talentosos do gênero no país, BK'. O carioca chega com a turnê Gigantes, que dá título ao segundo álbum de estúdio do artista, como narrador-personagem das vivências negras.
Na semana seguinte, na quinta, 3, as atenções voltam para as atrações de hip-hop no palco Sunset. Emicida chega ao Rock in Rio com uma caminhada sólida, sendo um dos nomes de destaque no rap nacional, ao lado do duo franco-cubano Ibery, formado pelas irmãs gêmeas Lisa Kaindé e Naomi Díaz.
E não para por aí. Ainda no Sunset, a apresentação, intitulada de Hip Hop Hurricane terá a participacão de Rael, Agir, Baco Exu do Blues e Rincon Sapiência com o apoio sinfônico da Nova Orquestra.
Enquanto os que caminham para a ascensão dentro do ritmo chegam ao evento para cativar um novo público, os já consagrados aproveitam para firmar a importância da produção musical nacional e negra dentro dos grandes festivais.
A Rolling Stone Brasil está no Rock in Rio 2019 a convite da Natura Musical