Cantor de “Menina Veneno” contou com guitarrista ex-Genesis em uma série de músicas ao longo da carreira
Publicado em 24/08/2023, às 19h30 - Atualizado em 25/08/2023, às 08h25
É difícil ter noção da popularidade conquistada por Ritchie no Brasil sem ter vivenciado a década de 1980. O cantor inglês radicado no país se transformou em um fenômeno com seu álbum de estreia, Voo de Coração, lançado em 1983. Além do mega-hit “Menina Veneno”, emplacou sucessos do porte de “A Vida Tem Dessas Coisas”, “Casanova”, “Pelo Interfone” e a faixa-título.
Esta última, inclusive, contou com a participação de ninguém menos que Steve Hackett. Também inglês, o guitarrista se tornou mundialmente conhecido por ter feito parte do Genesis na década de 1970. A amizade se estendeu para outras parcerias, a exemplo de “A Mulher Invisível” (no álbum E a Vida Continua, de 1984) e “Meantime” (no disco Loucura & Mágica, de 1987).
Em entrevista ao jornalista Marcelo Vieira para o site Igor Miranda, Hackett revelou se recordar muito bem das colaborações com Ritchie. Os dois, inclusive, dividiram o mesmo palco em apresentação na cidade de Niterói, no último dia 18 de agosto.
Também por ter sido casado com uma brasileira (a artista plástica Kim Poor), Steve conhecia bem o Brasil desde o início dos anos 1980. E definiu o sucesso de Ritchie com uma comparação ousada.
“[Naquela época] ele estava compondo para um possível álbum solo e nós éramos amigos; nos conhecíamos há algum tempo e cheguei a trabalhar com ele em algumas faixas, entre elas ‘Voo de Coração’, que se tornou um grande sucesso para ele. Foi uma grande alegria para mim vê-lo decolar. Ele se tornou uma espécie de Elvis brasileiro, e fiquei muito feliz por ele.”
Em seguida, o guitarrista ex-Genesis fez mais elogios ao amigo.
“Ele é um cara imensamente inteligente, doce e talentoso. Ainda somos amigos, mantemos contato. Estou ansioso para vê-lo.”
A presença de Steve Hackett na faixa-título do álbum lançado por Ritchie em 1983 não foi por acaso. A canção traz uma linha de guitarra emblemática, especialmente na introdução.
Em entrevista ao Corredor 5 (via Whiplash), o produtor Mayrton Bahia relembrou como a música foi gravada.
“Produzimos no estúdio da Warner na Gávea. O Liminha botou baixo e guitarra. Gravamos a voz do Ritchie no banheiro, para aproveitar o reverb. Mixamos os arranjos com os teclados. Então, fomos fazer a música ‘Vôo de Coração’. O Ritchie disse que o Steve Hackett estava no Rio namorando uma amiga da esposa dele. Pensei em trazer ele para gravar. O cara topou e foi gravar. Eu com o Steve Hackett do Genesis aqui e era uma espelunca! [Risos]”
Bahia destacou que Hackett solicitou o uso de três canais da mesa de som. Detalhe: eram apenas oito no total, então, os demais instrumentos deveriam ocupar os outros cinco.
“Ele pediu três canais! São oito ao todo! Eu pensei: ‘ferrou’. Chegou o solo e ele começou a catar milho na guitarra. Achei um som meio sem vergonha. Aí, no outro canal ele dobrou. Já ficou mais bonito. No terceiro, ficou lindo! Ele fez o solo e levei para a Odeon (gravadora).”
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.