O que pode mudar para os consumidores de streaming com a fusão entre Netflix e HBO?
Fusão reduz a competitividade no mercado; entenda como a transformação pode afetar os clientes
Redação
Nesta sexta-feira, 5, a Netflix anunciou a aquisição os estúdios de TV e cinema e a divisão de streaming (HBO Max) da Warner Bros. Discovery, por um valor de US$ 82,7 bilhões. A fusão acaba com uma das maiores rivalidades da indústria de entretenimento da última década.
Os co-CEOs da Netflix, Ted Sarandos e Greg Peters, classificaram a compra como uma “oportunidade rara” (via O Globo). Desde o surgimento do serviço de streaming nos EUA, em 2007, a plataforma nunca havia feito um negócio próximo desse tamanho.
A compra ainda precisa passar pela aprovação regulatória de órgãos de vários países. A Netflix declarou que espera ter a validação concluída até o terceiro trimestre de 2026. Segundo Pedro Teberga, professor e especialista em negócios digitais, o risco de o acordo ser embargado é pequeno. “Tem diversos outros players, como Amazon e Apple, que estão indo bem. A redução de oferta com a operação não é tão drástica assim”, afirmou (via UOL).
Caso a aquisição seja oficializada, algumas coisas podem mudar para o consumidor. A primeira questão é referente aos catálogos. Em anúncio, a Netflix afirmou que empresas tem “ativos complementares” e que a junção de catálogos disponibilizará títulos de “alta qualidade”.
A operação dará à Netflix acesso a produções como Harry Potter, Game of Thrones, Casablanca, Cidadão Kane, The Big Bang Theory, The Sopranos, Sex and the City, Succession, e todos os filmes do Universo DC. Não se sabe ainda se a empresa manterá o aplicativo da HBO Max, ou se tudo será condensado no seu próprio app.
Outra diferença é nas opções de planos. Não houveram esclarecimentos específicos sobre o assunto, mas a Netflix cita que ela poderá “otimizar planos para os consumidores, melhorando as opções de acesso” aos conteúdos. Portanto, a expectativa é que surjam assinaturas diversas dentro do acervo total (temáticas, divididas por tipo de título ou público) e, como já existem em ambas as plataformas, opções com e sem propaganda.
De acordo com Pedro Teberga, a “simplificação do mercado é positiva e reduz a fadiga dos consumidores” (via UOL). O excesso de opções no mercado de streaming torna “estressante” o momento de escolher um filme ou série para assistir. Para ele, o negócio tende a ser positivo para o consumidor, pois pode gerar “opções mais baratas de pacotes de assinatura” ou a “unificação progressiva em um único streaming”.
Ele comparou a fusão ao processo de consolidação do mercado de telecomunicações. “Hoje em dia, há menos operadoras, mas é um mercado mais robusto”, explica. Segundo Teberga, a consolidação vai “aumentar a sinergia entre as operações” e gerar mais “profundidade no acervo da Netflix, com possibilidade de uma receita maior”.
Uma das maiores preocupações é se a Warner diminuirá sua presença nos cinemas e passará a ter lançamentos predominantemente no streaming, como é o caso da Netflix. No comunicado à imprensa, a empresa esclareceu que “espera manter as operações atuais da Warner Bros. e expandir seus pontos fortes, incluindo os lançamentos de filmes nos cinemas”.
Toberga ainda afirmou que, contrariando os temores de alguns usuários, o preço da assinatura do serviço não deve subir imediatamente. “Essas fusões geralmente fortalecem o ecossistema, ampliam o valor do catálogo e geram sinergias que diminuem custos internos”, disse. “No curto prazo, portanto, o valor deve permanecer estável”.
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