Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Nordeste, vinhos e paixões são os ingredientes da polêmica série Amores Roubados

Stella Rodrigues Publicado em 06/01/2014, às 10h31 - Atualizado às 10h31

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Amores Roubados - Divulgação
Amores Roubados - Divulgação

Cauã Reymond gosta de ouvir música nos sets de gravações para ajudar a determinar os trejeitos do personagem que interpreta. E na hora de encontrar o som que o ajudaria a atuar em Amores Roubados, nova minissérie da TV Globo, ele contou com a sorte. Para entrar na pele de Leandro, um sujeito que, conforme Reymond define, “não tem uma boa autoestima, mas está em um momento ótimo para a autoestima”, o disco escolhido foi Yeezus, de Kanye West – ideal para deixá-lo inspirado para o papel, afinal autoestima é com Kanye mesmo. “Achei exatamente o CD certo! Fiquei até envaidecido”, brinca o ator, antes de emendar alguns versos de duplo sentido de “New Slaves” e interromper a tradução. “Não preciso traduzir, né, você entendeu”, ele ri novamente. Cauã/Leandro é o protagonista de Amores Roubados, que estreia em 6 de janeiro e segue a tradição da Globo de investir em produções mais sofisticadas na programação especial de verão. Adaptada por George Moura (sob supervisão de Maria Adelaide Amaral), o programa foi livremente baseado no livro A Emparedada da Rua Nova, do autor pernambucano Carneiro de Vilela, uma obra aclamada regionalmente, mas pouco conhecida no restante do país. No elenco ainda estão Murilo Benício, Osmar Prado, Patrícia Pillar e Dira Paes.

A trama se passa em Sertão, uma cidade fictícia que reúne todas as características do sertão do Nordeste contemporâneo (mas ainda com alguns valores arcaicos), sendo um ambiente que vive de grandes vinícolas e do agronegócio. O personagem de Cauã Reymond é o filho de uma prostituta (Cássia Kiss) que se mudou para São Paulo. Leandro “venceu na vida” trabalhando como sommelier e retorna ao interior como uma espécie de “Don Juan”. “Isso é muito normal no Nordeste, alguém sair e voltar já bem estabelecido. Aí é visto assim, retorna com uma autoestima diferenciada”, ele explica.

Essa confiança toda, somada ao charme de galã de Reymond e uma lábia bem trabalhada, coloca Leandro no caminho de muitas mulheres da cidade. “É um garoto que foi sexualizado muito cedo, pelo ambiente em que foi criado”, ele conta. Uma moça em especial é Antônia, filha do maior produtor de vinho da região, interpretada por Ísis Valverde. “Ela é uma das personagens com mais desdobramentos que já fiz. Começa uma menina e termina uma grande mulher destemida”, define a atriz. “A grande paixão dela é a fotografia. Fiz aulas, aprendi a controlar as funções [da câmera], observar qual a melhor luz para cada foto, um exercício diário que praticava sempre que tinha uma brecha”, conta. Já a paixão de Leandro, além de mulheres, é o vinho, o que levou o relativamente abstêmio ator a 17 horas de aula sobre o assunto.

Música, paixão e prazeres são os termos em comum que permeiam não só as características dos protagonistas, mas também o discurso dos dois atores e do diretor à frente do projeto, José Luiz Villamarim, que tem entre os créditos nos 15 anos de carreira a direção elogiada e desbravadora da novela Avenida Brasil e da minissérie O Canto da Sereia, também estrela da por Ísis. Villamarim enxerga a série como algo na seara do cinema e cita a tendência internacional de considerar a televisão como a salvação do entretenimento. O diretor acompanhou os fenômenos norte-americanos Breaking Bad e Mad Men e crê que em um futuro próximo a televisão brasileira terá um aumento no cuidado cinematográfico com a produção. Em um produto como Amores Roubados, há tempo e investimento de dar inveja a qualquer um acostumado à correria insana das novelas – apesar de o luxo de se gravar em locações se tornar um sofrimento quando a premissa da história pede um calor escaldante. Mas o diretor exalta o lado positivo. “São projetos que eu trouxe para a emissora, consegui aprovação, fiz sozinho”, afirma. “É muito mais autoral, assino, dou minha cara, é outro prazer.”