Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Pedalando para Longe

BIKE, que chega ao segundo disco, integra a nova e excelente safra de bandas psicodélicas brasileiras

Lucas Brêda Publicado em 02/04/2017, às 12h28 - Atualizado em 11/04/2017, às 17h56

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
<b>Tarefas para todos</b><br>
Julito Cavalcante (<i>à esq.</i>) agora divide a criação com os colegas de banda, Diego Xavier e Rafa Bulleto - Divulgação
<b>Tarefas para todos</b><br> Julito Cavalcante (<i>à esq.</i>) agora divide a criação com os colegas de banda, Diego Xavier e Rafa Bulleto - Divulgação

Fazia anos que o cenário não era tão fértil para a música psicodélica no Brasil. Entre 2015 e 2016, o Boogarins (GO) lançou o festejado Manual, enquanto o Catavento (RS) soltou Cha, o Tagore (PE) chegou a Pineal e o Luneta Mágica (AM) desabrochou com No Meu Peito. De São José dos Campos, o Bike também chamou atenção nessa leva, com as oito músicas do debute, 1943, lançado em 2015.

A banda começou como um projeto de Julito Cavalcante, na época baixista do Macaco Bong. Os nomes vieram em homenagem ao dr. Albert Hoffman, que criou o LSD em 1943 e deu uma volta de bicicleta ao tomar a primeira dose significativa da substância. “O primeiro disco foi uma coisa mais minha”, conta o vocalista e guitarrista. “Eu tinha umas músicas, umas letras e, quando decidi gravar, chamei o Diego [Xavier, atual guitarrista].”

Quando 1943 saiu, a psicodelia espacial e com pegada dadaísta do projeto foi tomando corpo, ganhou os palcos e chegou aos ouvidos do produtor Brian Burton, também conhecido como Danger Mouse, dono de cinco prêmios Grammy e com trabalhos ao lado de Black Keys, Adele e Gorillaz, entre outros, no currículo. Ele acabou incluindo a música “Enigma do Dente Falso”, do Bike, na compilação 30th Century Records Compilation Volume I, do selo homônimo criado por ele no fim de 2015.

Se 1943 surgiu das experimentações e viagens de Cavalcante, o segundo disco do Bike, lançado em abril, já é resultado de um trabalho muito mais coletivo (o riff cíclico e hipnotizante de “A Montanha Sagrada”, single do novo álbum, por exemplo, saiu de uma jam). “Tem duas músicas do Diego, tem composição do Rafa [Bulleto, baixista] e coisas no esquema de antes, mas eu não fiz todos os arranjos de antemão, como no primeiro”, explica. “Foi mais um lance de partir de uma base e ir construindo os arranjos [juntos].”

Em Busca da Viagem Eterna, novo LP do Bike, sai naturalmente mais rebuscado e recheado de elementos, sem, contudo, sacrificar os momentos de estranheza que marcaram 1943. Gravado em seis dias – no Estúdio Wasabi, em São José dos Campos, entre julho e agosto de 2016 –, o álbum tem novamente mixagem analógica e masterização de Rob Grant (Tame Impala, Miley Cyrus), no Poons Head Studio, em Perth, Austrália.

Agora uma banda de fato – o baterista Daniel Fumega, do Macaco Bong, completa o quarteto –, o Bike tenta manter a posição alcançada com a estreia, mas sem abandonar os conceitos de expansão da mente e misticismo. O baralho do Tarô de Marselha, de Alejandro Jodorowsky, por exemplo, é base para a capa do trabalho. “Entramos nessa onda toda do layout das cartas e dos símbolos do tarô: o eneagrama, a estrela de nove pontas”, comenta.

Ouça Em Busca da Viagem Eterna abaixo.

Quando começou 2015

Para quem gosta de Flaming Lips e Brian Jonestown Massacre

Ouça “A Montanha Sagrada” e “Enigma dos Doze Sapos”