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Roy Orbison: dez canções que marcaram a carreira do cantor

Pioneiro do rock, cantor norte-americano de “Oh, Pretty Woman” deixou canções marcantes e foi herói de Elvis Presley e dos Beatles

Paulo Cavalcanti Publicado em 23/04/2016, às 13h16 - Atualizado em 06/12/2016, às 14h06

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Galeria - Roy Orbison - abre - Reprodução
Galeria - Roy Orbison - abre - Reprodução

Se estivesse vivo, Roy Orbison estaria completando 80 anos neste sábado, 23. Roy Kelton Orbison nasceu em Vernon, Texas, no dia 23 de abril de 1936. Ele iniciou a carreira cantando rockabilly na Sun Records. Mas queria mesmo era ser cantor de baladas. Na década seguinte, o Big O, como era conhecido, se tornou um grande astro mostrando ao mundo sua voz incomum e com elementos de cantor de ópera em canções como “Running Scared”, “Leah”, “In Dreams”, "It's Over", “Only The Lonely”, "Oh Pretty Woman" e muitas outras. Ele era um astro pop nada convencional: não era bonito, usava óculos escuros o tempo inteiro e mal se mexia no palco. Mas Orbison cantava com tanta intensidade e dramaticidade que ninguém conseguia ficar imune a presença dele. Na letras de suas canções, Orbison era o eterno perdedor, o sofredor e romântico incurável que vivia fugindo do passado, eternamente tomado pela culpa e pela paranoia em relação a tudo o que havia deixado para trás.

O amigo Elvis Presley certa vez falou que ele tinha a voz mais bonita e expressiva da música popular. O Rei não se atreveu a gravar qualquer música de Orbison. Dizia que nunca conseguiria fazer jus ao poderia vocal do texano. Os Beatles também eram grandes fãs de Roy Orbison. Em 1963, quando eles apresentaram a recém escrita "Please Please Me" para o produtor George Martin, queriam gravá-la comum tempo lento e de forma dramática, fazendo uma paródia/homenagem a Orbison. Mas sabiamente Martin aconselhou que eles acelerassem o andamento. "Já existe um Roy Orbison", falou o produtor.

Os anos 1960 foram mágicos para Roy Orbison. Na década de 1970, Roy Orbison se manteve constantemente na estrada, mas o grande público que comprava discos infelizmente parecia ter se esquecido dele. Ele não emplacava músicas na paradas como fazia na décadas anterior. A sorte dele mudou radicalmente na década seguinte. A música dele entrou na trilha de vários filmes e seus discos começaram ser relançados. Em Blue Velvet (1986), filme cult de David Lynch, o vilão maníaco Frank Booth , interpretado por Dennis Hopper dublava a canção “In Dreams” e a inusitada exposição só fez bem para o cantor. Como foi publicado na Rolling Stone Illustrated History of Rock and Roll: “O romantismo apocalíptico de Roy Orbison – tão exagerado que os sonhos se transformam em delírios febris e a autocomiseração virava paranoia, ganharam uma caráter pós moderno. Assim, a música dele foi assimilada por um geração de modernos e descolados”.

Em 1988, o mundo era novamente de Roy Orbison. Ele foi homenageado no especial de TV Roy Orbison and Friends: A Black and White Night, que teve a participação de Bruce Springsteen, Elvis Costello, Bonnie Raitt, k.d. lang, Tom Waits, James Burton e outros ícones. Ele fez parte do supergrupo Traveling Wilburys ao lado de George Harrison, Bob Dylan, Tom Petty e Jeff Lyne, cujo álbum autointitulado foi muito bem recebido pelo público e crítica. Orbison então gravou o álbum Mystery Girl, mas não viu o êxito do trabalho. No dia 6 de dezembro daquele mesmo ano, ele foi vitimado aos 52 anos por um ataque cardíaco fulminante, ironicamente quando era tão ou até mais popular em relação ao auge no começo dos anos 1960. Logo após a morte do cantor, a Rolling Stone USA dedicou a ele uma capa, publicando uma entrevista inédita de Orbison.



A seguir, veja uma seleção de dez canções que marcaram a carreira de Roy Orbison.



Por Paulo Cavalcanti


"Ooby Dooby"

O frenético rockabilly "Ooby Dooby" foi gravado originalmente por Roy Orbison and The Teen Kings Kings na pequena gravadora Je-Wel. Depois, em 1956, quando o cantor foi contratado pela Sun Records de Memphis, ele regravou a faixa, mas mudou muito pouco em relação a versão original. O single chegou as paradas nacionais. O lado B, “Go! Go! Go!”, foi posteriormente regravado por nomes como Jerry Lee Lewis, The Hollies e outros, mas com o título “Down The Line”.


"Only the Lonely (Know the Way I Feel)"

Depois de passar brevemente pela RCA e de ficar um período atuando apenas como compositor em Nashville, Orbison foi contratado pela gravadora Monument. Lá pode finalmente se concentrar em baladas orquestradas, privilegiando sua voz operática. "Only the Lonely (Know the Way I Feel)", escrita por Orbison e Joe Melson, foi um grande sucesso em 1960, chegando ao segundo lugar nos Estados Unidos e ao top da listagem na Inglaterra. A balada também estabeleceu um padrão sonoro e estético para o futuro trabalho do cantor.


"Running Scared"

Esta balada épica, lançada em 1961, começa de uma forma simples, mas vai crescendo de uma forma arrebatadora. Orbison admirava gostava de música erudita, particularmente do trabalho de Maurice Ravel. "Running Scared" sem dúvida traz influência de “Bolero”, escrita pelo célebre compositor impressionista francês. O lado B do single foi “Love Hurts”, uma canção que viajou no tempo e foi um grande sucesso para os Everly Brothers e até hoje é assinatura sonora a banda escocesa de hard rock Nazareth.


"Crying"

A esta altura, Roy Orbison já havia se tornado o grande mestre das canções dramáticas. “Crying”, outra parceria de Orbison e Melson, também foi outro grande sucesso e sua letra melancólica é valorizada pelo poderoso ataque vocal de Orbison. O lado B foi o rock “Candy Man”, que também se tornou bastante popular. “Crying” foi revivida em 1978 por Don McLean, que também obteve expressivas vendagens com sua versão, bem fiel à original de Orbison.


"In Dreams"

Lançada em 1963, a balada apocalíptica e perturbadora “In Dreams” também foi um grande sucesso e alcançou posição a sétima posição, mas ninguém poderá imaginar que a canção ainda se tornaria maior em 1987, quando o diretor David Lynch a usou em um momento chave de seu filme cult Blue Velvet. Orbison, em seguida, regravou a faixa e ela novamente conquistou as rádios.


"Blue Bayou"

Esta evocativa balada, que foi um grande hit em 1963, é uma bela descrição da paisagens rurais do sul dos Estados Unidos, falando de pântanos, baias e muito mais. A canção foi gravada originalmente em 1961, mas os executivos da gravadora Monument tinham fé nela e resolveram relançá-la como single dois anos depois. O lado B foi o rock “Mean Woman Blues”, original de Elvis Presley, mas que também se tornou popular na gravação de Orbison. Em 1977, a cantora Linda Ronstadt regravou “Blue Bayou” e também teve um enorme hit com a canção.


"It's Over"

As canções de Roy Orbison eram normalmente dramáticas e paranoicas. Mas em "It's Over", uma parceria dele com Bill Dees, o Big O batia o recorde de sofrimento ao comparar o termino de um relacionamento com literalmente o fim do mundo. A faixa foi lançada em 1963 e chegou ao primeiro lugar da parada inglesa e ao top ten norte-americano.


"Oh, Pretty Woman"

Esta parceria de Orbison e Bill Dees foi um hit monumental em 1964. O título deste rock clássico foi inspirado por Claudette, na época a esposa de Orbison. Ao longo dos anos, "Oh, Pretty Woman” ganhou inúmeros covers, dentre eles um feito pelo Van Halen em 1982. Em 1990, a canção foi tema do filme Uma Linda Mulher, estrelando Richard Gere e Julia Roberts. O êxito do longa apresentou a canção e o trabalho de Roy Orbison para toda uma nova geração.


“Penny Arcade”

No final da década de 1960, a estrela de Roy Orbison havia se apagado em sua terra natal, mas ele ainda era uma grande atração na Inglaterra, Canadá e Austrália. Em 1969, ele lançou “Penny Arcade”, um hit improvável na Europa e na Austrália. A canção jovial, com uma mistura de bubblegum com marcha militar, não foi esquecida e até hoje é usada para animar a massa em grandes eventos esportivos.


“You Got It"

O álbum Mystery Girl foi lançado em fevereiro de 1989, três meses depois da morte de Roy Orbison. Um pouco antes, em janeiro, "You Got It" foi lançada com single e para muitos se tornou a canção de despedida de Orbison já que foi um grande hit, sendo muito executada nas rádios. Escrita por Orbison, e pelos companheiros de Traveling Wilburys Tom Petty e Jeff Lynne, a faixa tem um som marcante graças a produção precisa de Lynne.