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Cristovão Bastos celebra arte de Paulinho da Viola: "Ele cria choros incríveis e letras fantásticas"

Em homenagem aos 80 anos do sambista, Cristovão Bastos falou sobre sua amizade e frequentes parcerias com o compositor; confira

Cristovão Bastos, em depoimento concedido a Pedro Só Publicado em 15/02/2023, às 14h00

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Cristovão Bastos (Foto: Nana Moraes/ Divulgação) e Paulinho da Viola (Foto: Divulgação/ Instagram/ @paulinhodaviola)
Cristovão Bastos (Foto: Nana Moraes/ Divulgação) e Paulinho da Viola (Foto: Divulgação/ Instagram/ @paulinhodaviola)

Pianista e compositor indicado ao Grammy Latino, Cristovão Bastos é amigo de Paulinho da Viola há mais de 50 anos, desde que se conheceram em uma noitada no Rio de Janeiro. Agora, em homenagem aos 80 anos do grande sambista, o músico falou sobre essa relação, em depoimento concedido a Pedro Só para a Rolling Stone Brasil. Confira:

Conheci o Paulinho da Viola lá por 1972. Eu tocava em uma boate em Copacabana onde muitos cantores se apresentavam. Um dia, ele foi lá. Começamos a conversar, foi uma afinidade natural, musical e pessoal. Daí, eu participei do show dele. No LP Nervos de Aço, já estávamos juntos no estúdio. Quando a gente se conheceu, minha esposa estava grávida. Ele é padrinho do meu filho, Alan.

Paulinho tem muito conhecimento de melodia, faz melodias muito bonitas. Também sabe muito do samba e do choro. Cria choros incríveis e ainda escreve letras de forma fantástica.

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Fizemos muitos arranjos juntos, na camaradagem, em encontros na casa dele e na minha. Nas parcerias em composição, tem uma que considero um exemplo de cooperação e entendimento: “Um Choro Pro Waldir”. Eu tinha dois compassos apenas. Um dia, na casa do Paulo César Pinheiro e da Luciana Rabello, fizemos o choro ali, em no máximo duas horas. Ele dava uma peruada, eu dava a minha... Uma melodia altamente elaborada, mas saiu nesse tempo.

Quando um crítico famoso questionou o fato de eu, tendo tocado na Banda Black Rio, estar ao lado dele no disco Memórias Chorando [de 1976], ele me disse uma coisa bacana: “Compadre, passa sempre pelo seu coração”.

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Ao longo da vida, o processo profissional às vezes afasta o artista, mas não a pessoa. Em todo esse tempo de amizade, só fizemos quatro choros. Eu brinco com isso sempre, ele ri. Mas eu tenho esperança de fazer mais um choro com ele. Quando eu estive internado em um hospital por oito dias, até reverter uma fibrilação, Paulinho ligou pra mim. Lembrei de um samba que tinha mostrado pra ele. Ele falou: “Poxa, eu podia dar uma catucada, botar uma letra”. Eu disse: “Mas, compadre, a gente não pode esperar mais dez anos”. E ele falou uma coisa que eu achei de uma sabedoria muito grande: “Não, compadre, agora é cada vez mais lento”. Está certo, não tem necessidade de correr. Se a gente fizer, fez.

O Paulinho sabe tudo, não precisa de nenhum conselho. Nós é que precisamos que ele continue fazendo a arte dele. Como ele mesmo diz, sem pressa, mais lento ainda.

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