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Música / Eden Golan

Eurovision e Israel: como conflito no Oriente Médio foi parar no centro do concurso?

A participação da israelense Eden Golan foi permitida no festival em meio a protestos contra a inclusão de Israel; cantora pode vencer o concurso

Redação Publicado em 10/05/2024, às 12h02

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Eden Golan (Foto: Reprodução)
Eden Golan (Foto: Reprodução)

A cantora Eden Golan foi selecionada como representante de Israel para a edição de 2024 do Eurovision. Na última quinta-feira, 9, ela foi classificada para a final poucas horas após cerca de 12 mil pessoas protestarem contra a participação de Israel no festival.

Manifestantes ergueram bandeiras da Palestina e cartazes que criticavam a UER (União Europeia de Radiodifusão), que organiza o Eurovision, aos arredores da Malmö Arena, na Suécia.

Em outro bairro, por outro lado, dezenas de pessoas comemoraram a inclusão de Israel no festival. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, também celebrou a vitória de Golan e caracterizou os protestos contra sua participação como "uma onda horrível de antissemitismo" (via O Globo).

Em 2022, a UER impediu a participação da Rússia no evento devido à guerra com a Ucrânia. 

Mudança na letra

Golan deveria participar do festival com a música "October Rain", cuja letra teria vazado ainda em fevereiro. Os versos da jovem de 20 anos fariam menção às vítimas do Hamas no ataque de 7 de outubro.

A canção foi barrada pela competição por supostamente não respeitar a regra de neutralidade política. Por isso, o presidente de Israel, Isaac Herzog, garantiu que a letra da música seria modificada ao entrar em contato com a KAN, emissora de Israel que transmite o Eurovision SongContest.

Agora, a letra da faixa — que passou a se chamar "Hurricane" — de Golan diz: "Baby, prometa-me que me abraçará novamente / Eu continuo machucada por causa desse furacão" (“Baby, promise me you’ll hold me again / I’m still broken from this hurricane”), no lugar de "E eu te prometo que nunca mais / Continuo molhada por essa chuva de outubro" (“and I promise you that never again / I’m still wet from this October rain”).

Outros trechos, que diziam: "Não há ar para respirar" (“There’s no air left to breathe”) e "Elas eram todas boas crianças, cada uma delas" (“They were all good children, each one of them”) mudaram para "Sem grandes palavras / Apenas orações / Mesmo que seja difícil de ver / Você sempre me deixa uma pequena luz" (“No big words / Just prayers / Even if it’s hard to see / You always leave me one small light”).

Censura?

Israel chegou a declarar que se retiraria do Eurovision Song Contest deste ano caso sua representante fosse censurada pela organização. 

A UER respondeu dizendo que estava "no processo de analisar as letras, um processo que é confidencial entre a UER e a emissora até que uma decisão final seja tomada". A declaração continuou: "Se uma música for considerada inaceitável por qualquer motivo, as emissoras têm então a oportunidade de apresentar uma nova música ou novas letras".

A KAN ainda devolveu: "Deve ser observado que, no que diz respeito à Corporação de Radiodifusão de Israel, não há intenção de substituir a música. Isso significa que, se não for aprovada pela União Europeia de Radiodifusão, Israel não poderá participar da competição, que ocorrerá na Suécia em maio".

Outros protestos

O concurso tem sido boicotado após permitir a participação de Israel. Mais de mil artistas suecos, como Robyn, Fever Ray e First Aid Kit, assinaram carta que pede que o país seja excluído da competição por causa da guerra com a Palestina. 

"O fato de países que se colocam acima da lei humanitária serem bem-vindos a participar de eventos culturais internacionais banaliza violações do direito internacional e torna o sofrimento das vítimas invisível", diz trecho da carta.

Por outro lado, personalidades como Sharon Osbourne, Gene Simmons e Boy George assinaram carta que vai na direção contrária e pede que Israel seja bem-vindo no Eurovision

"Ficamos chocados e desapontados ao ver alguns membros da comunidade do entretenimento pedindo que Israel seja banido da competição por responder ao maior massacre de judeus desde o Holocausto. Sob o disfarce de milhares de foguetes disparados indiscriminadamente contra populações civis, o Hamas assassinou e sequestrou homens, mulheres e crianças inocentes", lê-se em carta publicada pela Creative Community for Peace.