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Lollapalooza 2015: após tocar com Agridoce, Pitty retorna ao festival com guitarras e show “mais profissional” da carreira

“São duas situações diferentes, ambas emocionantes e desafiadoras”, diz cantora em entrevista à Rolling Stone Brasil

Lucas Brêda Publicado em 25/03/2015, às 18h03 - Atualizado às 18h34

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A cantora Pitty em ação com sua banda - Cadu Cavalcanti/Divulgação
A cantora Pitty em ação com sua banda - Cadu Cavalcanti/Divulgação

Dois mil e quatorze foi um ano de renovação para a baiana Pitty. Depois de dois anos (2011 a 2013) com o duo indie acústico Agridoce, ela juntou-se novamente aos companheiros de banda para colocar de novo as guitarras em evidência, em um disco maduro e ambicioso, Setevidas.

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Quase um ano depois do lançamento do álbum – e dois anos depois de ter se apresentado no Lollapalooza com o Agridoce –, Pitty volta ao palco do festival em um momento bem diferente. Neste período, por exemplo, ela chegou a presenciar a morte do amigo Peu Sousa (ex-guitarrista da banda, que cometeu suicídio em maio de 2013) e passou a militar abertamente em favor do feminismo.

“Vai ser massa voltar ao Lollapalooza”, comenta ela, em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Desta vez com a minha banda, em um show de rock e turnê nova. Duas situações diferentes, ambas emocionantes e desafiadoras”. Pitty toca às 17h30 do domingo, 29, no palco Axe do evento – saiba mais aqui.

Lollapalooza 2015: disposição dos palcos sofre pequenas mudanças; veja o mapa.

Afirmando que seus shows são “organismos vivos”, Pitty admite que a atual turnê (Setevidas) é a “mais profissional” da carreira e comenta as novas faixas dela preferidas de serem tocadas ao vivo (“Pequena Morte” e “Boca Aberta”).

A baiana também compara as apresentações a “um ritual dionisíaco” e a “uma roda de candomblé”. “É um encontro com um deus. O que eu sinto no palco é esse encontro com minha deusa”, teoriza. Leia abaixo a íntegra da entrevista.

Vocês já estão em turnê há um bom tempo com o Setevidas. Qual a maior diferença entre os shows de agora e os do começo da turnê?

O show é organismo vivo e vai se modificando na própria estrada, à medida que se faz. Já testamos bastante coisa do começo da turnê até aqui: repertório, ordem das músicas, luz e projeções. Tudo foi se ajeitando com o tempo e acho que hoje chegamos num formato bem redondo. Mas gosto de deixar espaço para improvisos e novidades, então tem sempre algumas músicas extras na manga e a gente vai trocando dependendo da situação do show, do dia.

Lembre como foi o show de Pitty no Porão do Rock 2014.

O Setevidas traz toda uma temática de reconstrução, de uma “nova vida”. Entretanto, em cima do palco, você ainda dá muito espaço para diversas canções antigas. Por quê?

Porque elas fazem parte da minha história e as pessoas que vão ao show querem ouvir essas músicas também. Às vezes aquela é a única vez que a gente passa na cidade, imagina não tocar aquela que, de alguma forma, faz parte da vida da pessoa? E aí o que fizemos para trazer as músicas antigas para essa “nova vida” foi mexer nos arranjos, acrescentar outros instrumentos, dar uma nova cara a elas, mais condizente com o momento artístico atual.

Com a limitação de tempo do Lollapalooza, o que você pretende priorizar: as mais antigas e já clássicas ou uma representação da sua nova fase?

Boa pergunta, ainda estou pensando nisso. Geralmente em festival, pelo público ser bem heterogêneo, funciona mais um repertório abrangente, com as músicas mais conhecidas. Mas o Lollapalooza é um festival mais indie, e acredito que com um público mais aberto a experimentalismos e novidades. Então não sei, acho que vou tentar equilibrar as duas coisas.

Edição 93 – Pitty: Entrevista RS.

Algumas músicas mais antigas soam interessantes nos shows atuais por se tratarem de velhas canções entoadas por uma cantora renovada. É possível dizer que faixas como “Admirável Chip Novo” e “Teto De Vidro” adquirem novos sentidos nos shows recentes?

Totalmente. E encontrar esse novo sentido foi essencial para que eu conseguisse continuar cantando essas músicas com propriedade. Acho que essa busca vai acontecer em toda turnê, o repertório vai crescendo e você vai deixando músicas pelo caminho. As que continuam são as que se renovam e naturalmente encontram um lugar coerente no show atual.

O que você acha que a turnê de Setevidas tem de mais particular em relação às outras turnês?

Acho que é a turnê mais profissional que já fizemos. E a mais coesa artisticamente, a meu ver. Tudo foi pensado com cuidado nos detalhes, a estética visual, as projeções criadas para cada música, a luz desenhada para contar essa história. Sentei com os técnicos e fui criando junto a eles coisa por coisa. Sonoramente também está diferente, com a adição de outros elementos – como lap steel, teclados, percussões e mais vozes. Isso trouxe mais texturas para o som. Eu também uso pedal de voz e os efeitos são “tocados” ao vivo, junto à banda. Ainda é um show de rock, vigoroso, intenso – mas há essas sutilezas artísticas que vêm com o tempo e ajudam a aprofundar a coisa toda.

No mesmo Lollapalooza, você se apresentou com o Agridoce, em outra fase da carreira. Agora, você voltou a colocar as guitarras em evidência. É, de certa forma, revigorante voltar a fazer shows pesados?

Muito. Faz parte de mim também, não me imagino vivendo sem isso. As duas coisas são importantes para mim como expressão – e todas as outras que ainda não descobri –, e vai ser massa voltar ao Lollapalooza desta vez com a minha banda, em um show de rock e turnê nova. Duas situações diferentes, ambas emocionantes e desafiadoras.

“Fui encarar a maturidade depois de ouvir as pessoas falando sobre ela”, diz Pitty.

“O palco é diferente, é meu santuário, é minha missa. Ali eu sou pastora daquela igreja muito doida”, você disse em entrevista recente à Rolling Stone (leia aqui). Pode desenvolver melhor esta afirmação?

É uma elaboração que acabei tendo através da filosofia e psicanálise. De que é importante identificar, na vida, onde se dá seu encontro com o divino, com o que é sagrado pra você. É descobrir onde sua alma está. Quando se identifica isso é catártico, como um ritual dionisíaco ou uma roda de candomblé. É um encontro com um deus. O que eu sinto no palco é esse encontro com minha deusa. E o que eu vejo naquelas pessoas na minha frente é catarse dionisíaca, é frenesi. Por isso essa associação da frase, porque percebo ali um ritual de encontro com o divino: meu e deles.

Você já levou este novo show a alguns festivais (como o Banco do Brasil e o Porão do Rock, por exemplo). Em que tipo de espaço você prefere tocar: nesses festivais ou em casas fechadas, recheadas de fãs?

Gosto dos dois, quero os dois. Cada um tem uma particularidade que me encanta, são energias diferentes e complementares de certa forma. Festival é mar de gente e público misturado – é bom tocar para quem talvez nem fosse num show seu solo e aproveita pra ver ali. Sair do conforto do “já ganhou”, é desafio. E tocar num lugar menor recheado de gente que sabe sua obra de cabo a rabo é colinho de mãe, é ficar totalmente à vontade. E aí dá para tocar aquele lado B de um disco das antigas ou todo o disco novo na íntegra que todos ali conhecem e vão curtir. É bom passar pelos dois, constrói caráter [risos].

Pessoalmente, qual das novas músicas você prefere tocar ao vivo?

Várias. Mas “Pequena Morte” e “Boca Aberta” são bem boas de interpretar, as letras dão espaço para atuar um pouco e isso é legal. E “Serpente” tem sido um momento lindo no show. Tem sido muito bom cantá-la também.

O Lollapalooza 2015 acontece nos dias 28 e 29 de março, com Jack White, Robert Plant, Pharrell Williams e Calvin Harris como headliners. Veja abaixo a programação completa:

28 de março (sábado)

Palco Skol

12h05 às 12h50 – Baleia

13h45 às 14h45 – Banda do Mar

15h55 às 16h55 – Alt-J

18h20 às 19h35 – Robert Plant and The Sensational Space Shifters

21h15 às 23h – Jack White

Palco Onix

12h55 às 13h40 - Bula

14h50 às 15h50 - Fitz and The Tantrums

17h às 18h15 - Kasabian

19h40 às 21h10 – Skrillex

Palco Axe

12h às 12h30 - Banda 89 FM

13h às 13h45 – Boogarins

14h15 às 15h – Nem Liminha Ouviu

15h30 às 16h30 - Kongos

17h às 18h - St. Vincent

18h45 às 19h30 - Marcelo D2

20h15 às 21h15 - Marina And The Diamonds

21h45 às 23h – Bastille

Palco Perry

13h às 14h – DJ Anna

14h15 às 15h15 – Vintage Culture

15h30 às 16h30 - E-cologik Vs Jakko

16h45 às 17h45 – DJ Snake

18h15 às 19h30 - Dillon Francis

20h às 21h – Ritmo Machine

21h30 às 22h45 – Major Lazer

29 de março (domingo)

Palco Skol

11h50 às 12h35 - Scalene

13h30 às 14h15 - Molotov

15h25 às 16h25 - Interpol

17h35 às 18h50 – Foster The People

20h15 às 22h – Pharell Williams

Palco Onix

12h40 às 13h25 – Far From Alaska

14h20 às 15h20 - Rudimental

16h30 às 17h30 – The Kooks

18h55 às 20h10 – Calvin Harris

Palco Axe

12h às 12h30 – Dr. Pheabes

13h às 14h - Mombojó

14h30 às 15h30 – O Terno

16h às 17h – Three Days Grace

17h30 às 18h30 – Pitty

19h às 20h – Young The Giant

20h30 às 22h - The Smashing Pumpkins

Palco Perry

12h15 às 13h – Chemical Surf

13h15 às 14h – Fatnotronic

14h15 às 15h - Victor Ruiz AV Any Mello

15h15 às 16h15 – Big Gigantic

16h30 às 17h30 - Carnage

17h45 às 18h45 – The Chainsmokers

19h15 às 20h15 – Childish Gambino

20h45 às 22h - Steve Aoki

Serviço

O primeiro lote de ingressos para um dos dois dias de Lollapalooza estão à venda por R$ 340 (inteira) e R$ 170 (meia-entrada), no site da Tickets For Fun (www.ticketsforfun.com.br), na bilheteria do Citibank Hall, em São Paulo (Av. das Nações Unidas, 17.955 – Santo Amaro), e em pontos de venda autorizados em todo o país. O segundo lote de Lolla Day, a ser comunicado em breve, custará R$ 380 (inteira) e R$ 190 (meia-entrada).

Estão disponíveis também ingressos do segundo lote do Lolla Pass. As entradas, que dão acesso aos dois dias de festival, custam R$ 660 (inteira) e R$ 330 (meia-entrada).

Ainda está à venda o serviço exclusivo do Sempre Livre Lolla Lounge, que dá direito a transporte até o autódromo, open bar, snack bar, buffet de jantar, área de relax, banheiros exclusivos e after party de uma hora após o término do evento. O Sempre Livre Lolla Lounge Pass (2 dias de festival) custa R$800 e o Lolla Lounge Day (1 dia de festival) custa R$450, não incluindo o valor do ingresso. Mais informações sobre este serviço estão disponíveis em www.ticketsforfun.com.br.