Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Paulinho da Viola reduz a batida efervescente do carnaval do Recife

Com samba cadenciado e romântico, músico alivia o ritmo alucinado da capital pernambucana

Pedro Antunes, do Recife Publicado em 12/02/2013, às 17h07 - Atualizado às 19h45

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Paulinho da Viola - Divulgação / Matheus Britto
Paulinho da Viola - Divulgação / Matheus Britto

O Polo Marco Zero, tido como principal palco do carnaval do Recife e centro gravitacional de toda a folia espalhada pelo da área antiga da cidade, mudou o compasso na noite desta segunda, 11. O ritmo acelerado do frevo ganhou a leveza do samba, com cavaquinhos e palavras doces de amor.

Paulinho da Viola comandou a noite em ritmo manso, como lhe é de praxe. Completaram o line-up André Rio e Karynna Spinelli, que se apresentaram antes do cantor e compositor, e Alcione, que encerrou a noite. Embora visivelmente cansado, por ter desfilado pela escola de samba Portela, no Rio de Janeiro, no dia anterior, pela qual foi homenageado, Paulinho seguiu como o gentleman de sempre.

Distribuía sorrisos, mesmo quando pedia por ajustes no som deficiente do palco. De calça branca, camisa vermelha e cabeleira grisalha, foi generoso com o público e abriu o baú de sambas com o fino da sua produção ao longo destes 70 anos, a maior parte deles dedicados à música. Com o cavaquinho a postos, estava acompanhado por uma banda afinada e um coro que ajudava a engrandecer os refrães.

Com a idade avançando, Paulinho deixou de lançar discos de estúdio, com canções inéditas. Mas, no caso de um show gratuito e festivo como este, quanto mais hit melhor. Saudoso, o sambista já passa a ver o passado com nostalgia. Fez homenagem a Cartola, com “Senhora Tentação”, e executou “Doce Melodia”, um “sucesso de quando eu comecei a frequentar a Portela”, disse. A homenagem ao passado seguiu com “Cenários”, na qual ele canta sobre escolas de samba “que não estão no grupo especial ou já não existem mais”.

Os momentos de maior sinergia com o público ocorreram com “Argumento”, “Pecado Capital”, “Talismã”, “Coração Leviano”, “Timoneiro” e “Dança da Solidão”. O invejável cartel de versos saborosos foram cantados com a leveza de um príncipe do samba, como ele é chamado. Grande momento, contudo, foi com a triste “Tudo Se Transformou”. “Onde havia sol / uma nuvem se formou / Onde havia alegria para mim / Outra nuvem carregou / A razão dessa tristeza / É saber que o nosso amor passou”. Por breves momentos, a melancolia da letra, carregada pela voz de Paulinho, colocou o Marco Zero em transe. O frevo acalmou-se – ainda que por pouco tempo.

A programação do carnaval do Recife, no Marco Zero, segue nesta terça-feira, 12, com destaque para o show de Caetano Veloso, com a Banda Cê e o Trio Preto, Elba Ramalho e, claro, Alceu Valença, no tradicional encerramento das festividades na cidade.