A banda de metal cujo show quase matou Rick Rubin
Produtor ficou impressionado com a apresentação ao vivo e depois trabalhou em um dos maiores clássicos desse grupo californiano
Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb)
A parceria de sucesso entre Rick Rubin e Slayer já começou em um patamar altíssimo e resultou em um dos maiores clássicos da música extrema. Trata-se de Reign in Blood (1986), a epítome do thrash metal.
Lançado pela Def Jam, gravadora fundada por Rubin em parceria com Russell Simmons, o álbum levou o gênero às últimas consequências. Virou sinônimo de peso, agressividade e urgência, tudo registrado em 10 músicas e meros 28 minutos de duração.
A fúria do Slayer, no entanto, vinha das apresentações ao vivo, segundo Rubin, e sua tarefa foi capturá-la em estúdio. O produtor contou à Revolver que descobriu e viveu isso na própria pele quando se viu em perigo em um show da banda no L’Amour, no Brooklyn, em meados da década de 1980.
Ele disse:
“Eu estava em pé atrás da mesa de som e da plateia, encostado numa parede ao fundo, em direção à sacada. A banda começou a tocar a música de abertura e a plateia ficou tão agitada, se jogando para todos os lados, que a grande e pesada mesa de mixagem dos anos 1970 foi empurrada para frente e para trás. O técnico de som e eu ficamos presos contra a parede do fundo, com os botões da mesa pressionados contra os nossos rostos. Estávamos presos e sufocando. Felizmente, sobrevivemos para encontrar muitos, muitos outros eventos atípicos como esse em shows do Slayer.”
Rubin citou também um outro show do Slayer, desta vez no The Ritz, em Nova York, para tentar exemplificar a energia avassaladora que a banda tinha na época de transição dos primeiros anos para sua fase áurea. Ele relembrou:
“Eu não conseguia acreditar que uma banda tão jovem e novata fosse tão confiante. O teatro tinha capacidade para cerca de 2,5 mil pessoas — era onde se apresentavam os maiores artistas que ainda não tinham chegado às arenas ou não conseguiam mais lotá-las. O Slayer foi impecável. Eles dominaram o salão, o show e o público. Foi de tirar o fôlego.”
Rick Rubin e Slayer
Além de Reign in Blood, Rubin também produziu outros oito discos do Slayer, com destaque para South of Heaven (1988), Seasons in the Abyss (1990) e Divine Intervention (1994), além do álbum de covers Undisputed Attitude (1996), no qual a banda explicitou as referências de sua sonoridade selvagem e implacável.
Em entrevista ao podcast Lipps Service (via site Igor Miranda), o guitarrista Kerry King disse que, com o tempo, ficou mais difícil de trabalhar com Rick. Ele relembrou:
“No começo, Rick era legal, porque ele estava bem inserido na coisa. E então, a cada disco, ele ficava mais e mais desligado. Ele tinha pessoas abaixo dele, como seu amigo número um na gravadora… Rick só vinha e dizia algo – e eu e Jeff (Hanneman, guitarrista falecido em 2013) somos uns teimosos desgraçados. Então, ele vinha e sugeria algo, e nós dizíamos ‘não’ veementemente. Aí ele falava: ‘sim, a carreira é de vocês’. E só foi ficando pior. Na época em que Seasons in the Abyss saiu, ele era como um fantasma.”
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