ENTREVISTA

Kerry King fala à RS sobre show no Brasil, carreira solo, Slayer e mais

Guitarrista é uma das principais atrações do Bangers Open Air 2025, festival que acontece no Memorial da América Latina, em São Paulo, nos dias 2, 3 e 4 de maio

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 23/04/2025, às 19h09
Kerry King ao vivo em 2025 - Foto: Rick Kern / Getty Images
Kerry King ao vivo em 2025 - Foto: Rick Kern / Getty Images

A nova fase da carreira de Kerry King será apresentada em breve ao público brasileiro. A banda solo do guitarrista, famoso por suas décadas como integrante do grupo americano de thrash metal Slayer, realizará sua primeira apresentação em território nacional como atração do festival Bangers Open Air.

Marcado para acontecer nos dias 2, 3 e 4 de maio, no Memorial da América Latina, em São Paulo, o evento de música pesada também reúne nomes como Avantasia, W.A.S.P., Glenn Hughes, Blind Guardian, Saxon, Powerwolf, Sabaton, entre vários outros. King e seu grupo — completo por Mark Osegueda (Death Angel) no vocal, Paul Bostaph (Slayer, Exodus) na bateria, Phil Demmel (ex-Machine Head) na outra guitarra e Kyle Sanders (Hellyeah) no baixo — toca no terceiro e último dia, um domingo. Ingressos estão à venda no site Clube do Ingresso.

Antes da visita para o show, o guitarrista americano esteve no Brasil para cumprir agenda de imprensa e concedeu uma entrevista exclusiva para a Rolling Stone Brasil. A conversa está disponível em vídeo no YouTube (abaixo) e na edição especial impressa Seu Jorge + Futuro da Música (compre no site Loja Perfil). Abaixo, também publicamos alguns trechos do bate-papo. Veja!

Trechos da entrevista de Kerry King à Rolling Stone Brasil

O que esperar do show de Kerry King no Bangers Open Air:
Kerry King:“Nos shows completos, estávamos tocando na íntegra meu primeiro álbum solo, From Hell I Rise, além de cinco músicas do Slayer e duas versões do Iron Maiden [‘Purgatory’ e ‘Killers’]. Como é festival, teremos uma hora e precisaremos cortar um pouco disso. Cortaremos uma ou duas músicas do Slayer, uma ou duas da minha carreira solo e talvez uma do Iron Maiden. Mas tocaremos o máximo de músicas que pudermos encaixar.”

Como a banda solo foi forjada na estrada:
KK:“Provavelmente algo que você não sabe é que nunca havíamos tocado juntos até fazermos um videoclipe. Todos tocamos no estúdio, mas junto, mesmo, só Paul e eu. Gravei todas as bases de Phil, enquanto Kyle gravou o baixo e Mark os vocais, mas separado. A primeira vez que realmente tocamos juntos, não estávamos nem com os amplificadores ligados, era no clipe. Foi meio estranho. Depois nos reunimos para ensaiar para o primeiro show. Mesmo quando não estávamos perfeitos, era incrível. Agora que temos tantos shows em nosso currículo, é natural. Estou no palco há 40 anos, mas nunca havia tocado com três dos caras da minha banda. Só que agora é uma banda e está solidificada.”

O pensamento principal ao escolher músicas para o show:
KK:“Até lá, o álbum já terá quase um ano de lançamento. Sempre que tocamos, as pessoas o conhecem mais e cantam mais as letras junto. Mas eu provavelmente deixaria de fora as músicas mais rápidas. Amo música rápida, mas se você ainda não conhece, essas músicas se perdem. Todos conhecem as músicas do Slayer, estão começando a conhecer o meu material. E provavelmente tocaremos Iron Maiden porque nos divertimos. Meu pré-requisito ao fazer covers — e só fizemos dois até agora — é fazer de bandas que não existem mais, como Motörhead, ou músicas cujas bandas não tocam mais. Iron Maiden não toca ‘Purgatory’ desde o fim dos anos 1980. ‘Killers’ é mais recente, mas ‘Purgatory’ não é ouvida ao vivo há mais de 30 anos.”

E-D: Phil Demmel, Mark Osegueda, Kerry King, Kyle Sanders e Paul Bostaph
E-D: Phil Demmel, Mark Osegueda, Kerry King, Kyle Sanders e Paul Bostaph - Foto: Scott Legato / Getty Images

O tributo ao Iron Maiden nos shows, feito após a morte de Paul Di’Anno, vocalista dos primeiros álbuns da banda inglesa:
KK:Jeff Hanneman [falecido guitarrista do Slayer] e eu conversamos sobre tocar ‘Purgatory’ há muito tempo, mas nunca aprendemos a tocá-la e ficamos com preguiça. Provavelmente foi nos anos 1990, quando todos tinham preguiça e nenhum tipo de boa ética de trabalho. Com esta banda, Phil Demmel falava sobre fazermos algo e eu posso ter começado a tocar o riff de ‘Purgatory’. Demmel é totalmente a favor de fazer qualquer coisa, ele só quer tocar. Assim surgiu a ideia de tocar ‘Purgatory’. Estávamos em turnê e eu falei que havia tocado ‘Killers’ no passado, então dei a ideia de tocarmos na Austrália. Quando voltamos para os EUA, aprendi ‘Purgatory’ e seguimos tocando ‘Killers’ — todos conhecem aquela introdução de baixo e os garotos adoram.”

Por que Mark Osegueda se tornou o vocalista da banda, apesar de empresários desejarem Phil Anselmo (Pantera):
KK:“Meu pré-requisito para qualquer um na banda era: tem que ser meu amigo. Não queria contratar alguém que acabei de conhecer. Conheço Mark há 40 anos. Perdemos um pouco do contato no meio do caminho, mas nos aproximamos nos anos 2010. E ele se candidatou cedo. Ele disse: ‘Quer saber? Vou me candidatar’. Você se surpreenderia: poucas pessoas fizeram isso. Acho que pensaram que eu já havia me decidido e sabia o que ia fazer. Todas as pessoas da parte corporativa queriam Phil Anselmo, mas acho que nós dois sabíamos que não era certo. Phil está diminuindo o ritmo, eu sigo raivoso. Estamos em direções diferentes. Não é como se eu estivesse no auge e ele caindo, não quis dizer isso, mas Mark estava no contexto e foi o único que veio e fez demos conosco. Por oito meses, antes mesmo de ele entrar, ele vinha quando tinha tempo e gravava demos, tentando se superar. Ele é muito versátil.”

Kerry King, guitarrista do Slayer - Foto: Christie Goodwin / Redferns
Kerry King, guitarrista do Slayer - Foto: Christie Goodwin / Redferns

A melhor música de From Hell I Rise, na opinião de Kerry King:
KK:“Há tantos sabores diferentes neste disco. O primeiro single, ‘Idle Hands’, me resume entre Slayer e este novo momento, assim como ‘Where I Reign’: toca na minha história, mas como algo novo. Gosto de como acertamos a música com melancolia e tensão. E consegui essa performance do Mark — o que eu nem deveria me preocupar, mas até você conseguir algo com alguém, não sabe se vão acertar. Difícil dizer, mas eu provavelmente escolheria ‘Idle Hands’. É uma peça tão oportuna. O título dela é perfeito para a ponte entre a minha primeira banda e esta banda. E tem os riffs. Tem os vocais. Tudo está representado ali.”

A presença do Slayer no show de despedida do Black Sabbath, ao lado de vários outros grandes nomes do heavy metal — e qual música do Sabbath eles tocarão:
KK:“Quero chegar bem cedo naquele show, pois muitos amigos meus vão tocar músicas do Sabbath. Será um pesadelo tentar subir na lateral do palco para conferir, então espero que tenha transmissão ao vivo nos bastidores. Quero ver Metallica, Pantera, Lzzy Hale, só para citar alguns. É uma honra até ser considerado para tocar isso. Estou feliz por estarmos em modo de trabalho para receber essa oferta. Como demorei, escolhi nossa música do Sabbath bem tarde, quando não havia tantas escolhas óbvias. Porém, a que escolhi vai funcionar muito bem. Dei um jeito para que eu e Paul pudéssemos ensaiar. Temos que colocar Tom [Araya, vocalista e baixista do Slayer] e Gary [Holt, guitarrista] a bordo quando, provavelmente em junho, ensaiarmos para isso. Vai ser matador.”

A atmosfera da volta do Slayer:
KK:“Está sendo como antes — nós aparecemos, fazemos nosso show e vamos para casa. Daí dissemos: ‘Falo com você em seis meses’. Talvez. [Risos]”

Slayer: Tom Araya e Kerry King ao vivo em 2018
Slayer: Tom Araya e Kerry King ao vivo em 2018 - Foto: Scott Legato / Getty Images

Confira a íntegra do bate-papo

*A entrevista está disponível na íntegra em vídeo no YouTube (abaixo) e na edição especial impressa Seu Jorge + Futuro da Música (compre no site Loja Perfil).

Serviço — Bangers Open Air 2025

  • Data: 2, 3 e 4 de maio de 2025;
  • Local: Memorial da América Latina (Av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo — SP);
  • Ingressos: à venda no site Clube do Ingresso.

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