'NÃO É SEGREDO'

Sepultura pode ter irmãos Cavalera em show de despedida? Andreas Kisser responde

Banda de metal está com turnê final em andamento desde 2024, e guitarrista comenta a possibilidade de Max e Iggor se apresentarem em alguma data

Guilherme Gonçalves

Sepultura em 1996: (D-E) Iggor (à época Igor) Cavalera, Andreas Kisser, Paulo Xisto Jr e Max Cavalera - Foto: Mick Hutson / Redferns via Getty
Sepultura em 1996: (D-E) Iggor (à época Igor) Cavalera, Andreas Kisser, Paulo Xisto Jr e Max Cavalera - Foto: Mick Hutson / Redferns via Getty

Em 2023, o Sepultura anunciou sua turnê de despedida, Celebrating Life Through Death, a qual segue em andamento desde 2024. As próximas datas, porém, estão marcadas apenas para o meio de 2026.

Até lá, a pergunta de sempre vai continuar pairando: os ex-integrantes e fundadores Max e Iggor Cavalera podem se juntar à banda para algum show específico?

Andreas Kisser, líder atual do grupo, voltou a ser questionado a respeito, desta vez em entrevista ao canal KazaGastão, do jornalista Gastão Moreira (via Whiplash). O guitarrista afirmou:

“O que eu sempre falei, que não é segredo pra ninguém, é que vamos convidar a galera pra participar. Entre eles, os Cavalera. Eu acho que faz todo o sentido a gente ter uma festa. Mas eles vêm se quiserem. Eu não vou forçar ninguém: ‘Ah, tem que vir’. Vamos fazer o convite, é 50% sim, 50% não. E quem quiser estar na festa, vai estar. Eu acho que esse é o mais importante.”

Andreas declarou que que consideraria um reencontro com os irmãos Cavalera saudável apenas se todos estiveram confortáveis com a situação e não se for algo forçado.

O guitarrista ponderou:

“A gente não pode forçar uma situação: ‘tem que fazer’ (…). Acho que Sepultura sempre foi uma banda que soube trabalhar com os elementos que estão na mesa, no presente, sabe? Sem ficar chorando o leite derramado, olhar o futuro de frente e aceitar as mudanças, que são… todo dia. Todo dia a gente faz um Sepultura novo.”

A crítica recente de Andreas Kisser aos irmãos Cavalera

Nesse sentido de sempre buscar um “Sepultura novo”, Andreas já se mostrou crítico ao projeto de Max e Iggor de regravar discos iniciais do Sepultura, como Morbid Visions (1986) e Schizophrenia (1987).

Para o guitarrista, trata-se de um lançamento “totalmente irrelevante”. No começo de 2025, ele declarou ao programa Uol no Tom:

“No final das contas, se eles estiverem curtindo, whatever. Quem se importa com a minha opinião? Mas acho muito fraco artisticamente. Acho totalmente irrelevante e sem sentido nenhum. Principalmente para um cara como o Max, que diz que fez tudo sozinho, que é o cara mais criativo do mundo, ‘fiz isso e aquilo’. Chega num momento, perde tempo e criatividade para fazer coisas que fizemos 30, 40 anos atrás, com um som diferente. Valor artístico zero. Não tem sentido nenhum em fazer isso.”

Na opinião de Andreas Kisser, Max e Iggor Cavalera — que saíram do Sepultura respectivamente em 1996 e 2006 — agiram de modo “muito desrespeitoso” com o próprio legado. O guitarrista exaltou a relevância do lançamento original de Schizophrenia, seu primeiro álbum com a banda.

“Acho muito desrespeitoso. Em 1987, nos dedicamos muito para fazer o Schizophrenia, foi meu primeiro disco com o Sepultura. Trouxe todas as minhas ideias. Mudamos o conceito das letras, trouxe as minhas letras. Não estava mais falando de Satanás e Cristo, mas do que vivemos hoje infelizmente: ansiedade, crise de pânico, suicídio, esquizofrenia, pressão da sociedade. Começamos a falar disso. Eram as minhas letras. Fatos históricos, como em ‘From the Past Comes the Storms’. Essa coisa do neonazismo que estamos vendo hoje.”

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Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room, Rock Brigade e Guitarload. Atualmente, é redator em IgorMiranda.com.br, revisa livros das editoras Belas Letras e Estética Torta e edita o Morbus Zine, dedicado a resenhas de death metal e grindcore.
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